Escondida no coração do Parque Nacional da Peneda-Gerês, a Aldeia Velha do Juriz é um daqueles lugares que se descobrem com tempo e atenção.
Situada perto de Pitões das Júnias, no concelho de Montalegre, esta antiga aldeia medieval permanece envolta em mistério, guardando nas suas pedras a memória de séculos de ocupação e abandono.
A história da aldeia remonta, pelo menos, ao século XIII, quando aparece referida nas Inquirições Afonsinas como Sancti Vincencii de Gerez. Desde então, terá sido habitada até ao início da Idade Moderna.
Hoje, o que resta são ruínas silenciosas rodeadas por carvalhos e vegetação densa — vestígios que nos falam de um passado que resiste ao esquecimento.
Ao chegar, o ambiente é marcado por um traçado que mantém a simplicidade da arquitetura rural da época. As cerca de 40 casas de granito, dispostas com alguma distância entre si, conservam uma planta quadrada e paredes baixas.
Há também sinais de uma antiga capela dedicada a São Vicente e, curiosamente, marcas da atividade metalúrgica que ali se desenvolveu.
Restos de escória junto a uma linha de água indicam que o local terá sido, em tempos, um pequeno centro de fundição. É possível que estas práticas tenham origens mais antigas, talvez até romanas, embora as provas careçam de confirmação arqueológica.
O certo é que os habitantes dominavam técnicas de trabalho do metal, numa região onde o ferro e o cobre eram abundantes.
A razão para o abandono do lugar continua por explicar. Epidemias, instabilidade económica ou migrações poderão ter contribuído para o seu desaparecimento. Seja qual for o motivo, a aldeia foi deixada ao tempo, que tratou de a envolver num silêncio quase poético.
A melhor forma de visitar este lugar é através do Trilho da Aldeia Velha do Juriz, um percurso de cerca de 6 quilómetros (ida e volta), com partida no cemitério de Pitões das Júnias.
O trilho é de dificuldade baixa, está bem sinalizado e permite apreciar vistas amplas sobre a paisagem do Barroso.
Ao chegar, vale a pena explorar com calma. Percorrer os antigos arruamentos lajeados, observar os detalhes das construções e sentir o ambiente sereno que envolve o local pode ser uma forma discreta de regressar ao essencial.
E porque a região tem muito mais para oferecer, recomenda-se também uma visita à aldeia de Pitões das Júnias, ao seu mosteiro românico e à cascata que desagua nas encostas próximas — lugares que, tal como Juriz, guardam a alma de Trás-os-Montes.










