No extremo nordeste de Portugal, entre vales profundos, montes cobertos de carvalhos e tradições seculares, o concelho de Bragança guarda algumas das aldeias mais autênticas do país. Muitas delas estão situadas no Parque Natural de Montesinho, uma das maiores áreas protegidas de Portugal, onde a vida ainda pulsa ao ritmo das estações e da terra.
Aqui, a paisagem natural funde-se com a arquitectura em pedra, os saberes antigos resistem ao tempo e as comunidades mantêm vivas formas de vida que há muito desapareceram noutras regiões.
Se procura um refúgio da agitação urbana, estas três aldeias são o convite perfeito para conhecer um país mais íntimo e profundo.
1. Gimonde: tradição à mesa e na paisagem

Localizada a poucos quilómetros da cidade de Bragança, Gimonde é uma aldeia marcada pela harmonia entre a sua paisagem natural e o património rural. A ponte medieval, um dos seus ex-líbris, parece suspensa no tempo, ligando margens e memórias.
Passear pelas suas ruas é encontrar casas típicas, recantos tranquilos e sabores que definem a identidade transmontana. A gastronomia local, especialmente o fumeiro, as compotas e os pratos regionais servidos nos restaurantes da aldeia, fazem de Gimonde uma paragem obrigatória para quem aprecia a boa mesa.
Além da aldeia em si, a localização estratégica no Parque de Montesinho permite explorar outras localidades vizinhas e partir à descoberta de trilhos e paisagens únicas.
2. Rio de Onor: uma aldeia entre dois países

Rio de Onor é uma das aldeias mais singulares de Portugal — e talvez da Península Ibérica. Partilhada entre Portugal e Espanha, com metade da aldeia em cada país, é símbolo de união e partilha, mais do que de fronteiras.
Aqui, ainda se mantêm práticas comunitárias: os campos são cultivados em conjunto, os rebanhos são cuidados por todos e as decisões tomam-se em assembleia. Até o idioma é próprio — uma mistura de português e castelhano que os locais falam com naturalidade.
Mais do que uma visita turística, Rio de Onor proporciona uma viagem no tempo. E, como em toda a região, a gastronomia é rica, autêntica e feita com os produtos que a terra oferece.
3. Montesinho: o coração do parque natural

No alto da serra, a aldeia de Montesinho dá nome ao parque que a envolve. É uma das mais emblemáticas da região, não só pela sua beleza, mas também pelo modo como soube adaptar-se ao turismo de forma discreta e respeitosa com a paisagem e a tradição.
As casas de pedra foram recuperadas, mantendo a traça original, e muitas delas acolhem hoje visitantes em alojamentos rurais confortáveis. O ambiente é sereno, as ruas calcetadas convidam a caminhadas e o museu local ajuda a compreender o modo de vida transmontano.
A partir de Montesinho, parte um trilho circular de 10 quilómetros que passa por outras duas pequenas aldeias: França e Portelo. O percurso atravessa bosques densos e pastagens onde, com alguma sorte, ainda é possível avistar veados ou até o esquivo lobo ibérico.
Visitar estas aldeias é experienciar um modo de vida que resiste. Em Bragança, o silêncio da montanha tem histórias para contar, e cada aldeia é uma porta aberta para um Portugal autêntico, que vale a pena conhecer devagar.










