Antiga sede da Ordem dos Templários, Tomar é uma cidade de grande encanto, pela sua riqueza artística e cultural. O expoente máximo está no Convento de Cristo, um das mais importantes obras do Renascimento em Portugal. Qualquer que seja o motivo para visitar a cidade, subir ao castelo templário e descobrir a obra monumental do Convento de Cristo é imprescindível.
Para melhor perceber a sua história, é importante saber como a Ordem dos Cavaleiros do Templo se transformou em Ordem de Cristo, salvaguardando o poder, o conhecimento e a riqueza que tinham em Portugal. O célebre Infante D. Henrique, mentor da epopeia dos Descobrimentos, foi um dos seus governadores e protectores mais importantes.
O centro histórico da cidade é muito calmo, ideal para desfrutar de um relaxante passeio pelas suas ruas repletas de casas brancas. Deixe-se surpreender pelos seus monumentos e museus interessantes. Outros belos lugares para caminhar são o parque, localizado junto ao rio, frequentado por cisnes, garças e patos; e os jardins da área florestada exuberante conhecida como Mata Nacional dos Sete Montes.
O rio Nabão divide a cidade, em que a maioria dos seus recentes edifícios na margem oriental e a oeste o bairro histórico. Tomar é realmente extraordinária, e para comprovar nada melhor que olhar para o céu e avistar os muros do Convento de Cristo, que é um magnífico pano de fundo visível de quase qualquer ponto da cidade. Depois de mais de oito séculos, desde a sua fundação, a sede dos lendários templários ainda domina a colina que se ergue sobre Tomar. Descubra os melhores locais para visitar em Tomar!
1. Convento de Cristo
O Convento de Cristo, em Tomar, pertenceu à Ordem dos Templários. Fundado em 1162 pelo Grão-Mestre dos Templários, dom Gualdim Pais o Convento de Cristo ainda conserva recordações desses monges cavaleiros e dos herdeiros do seu cargo, a Ordem de Cristo, os quais fizeram deste edifício a sua sede. Sob Infante D. Henrique o Navegador, Mestre da ordem desde 1418, foram construídos claustros entre a Charola e a fortaleza dos Templários, mas as maiores modificações verificam-se no reinado de D. João III (1521-1557).

Arquitectos como João de Castilho e Diogo de Arruda procuraram exprimir o poder da Ordem construindo a igreja e os claustros com ricos floreados manuelinos que atingiram o máximo esplendor na janela da fachada ocidental. Trata-se de uma construção periurbana, implantada no alto de uma elevação sobranceira à planície onde se estende a cidade. Está circundado pelas muralhas do Castelo de Tomar e pela mata da cerca. Actualmente é um espaço cultural, turístico e ainda devocional. A arquitectura partilha traços românicos, góticos, manuelinos, maneiristas e barrocos.
2. Janela Manuelina
A janela do Capítulo do Convento de Cristo, mais tarde imitada para o Palácio da Pena, foi encomendada por D. Manuel I e desenhada por Diogo de Arruda. É o mais conhecido exemplo de arquitectura manuelina, magnificamente decorada no exterior, que é a imagem mais representativa da exuberância da estética manuelina, ilustrativa do naturalismo exótico e do uso de pormenores marítimos, possui no intradorso colunelos a imitar troncos podados, encimados por arco polilobado com florões onde se encaixa aro torso.

O enquadramento, em alto-relevo, inicia-se inferiormente com um tronco desenraizado carregado por figura masculina barbada, que se subdivide em 2 frisos de onde se elevam 2 colunas recamadas de folhagem e corolas, atadas por grossos cordões com nós e ladeadas inferiormente por 2 pequenos nichos vegetalistas desabitados e superiormente por duas esferas armilares atadas a segmentos curvos de folhagem; sobre o vão da janela sobrepõe-se grosso arco polilobado recamado de folhas onde se encaixam 2 aros torsos rematados inferiormente por florões, e cujos segmentos superiores se enroscam; remata a composição escudo real encimado por cruz da Ordem de Cristo sobre pano de muro esquadriado.
3. Charola do Convento de Cristo
A Charola era o oratório privativo dos Cavaleiros Templários, no interior da fortaleza. A sua tipologia é comum das igrejas bizantinas, a qual volta a integrar o românico com o movimento das Cruzadas. Nesta tipologia o templo tem como base uma planta se desenvolve em torno de um espaço central, o qual, na rotunda templária, tem a forma de um prisma octogonal, ou tambor, que se desdobra em dezasseis faces no paramento do deambulatório, encerrando deste modo a volumetria do edifício. Concluída em 1190, a Charola tinha a entrada virada a oriente. Foram as obras de D. Manuel I que a estabeleceram a sul, na nave com que ampliou a igreja, extramuros do castelo.

Já com o castelo sede dos cavaleiros de Cristo, o Infante D. Henrique, governador e regedor da Ordem de 1420 a 1460, irá fazer as primeiras alterações na rotunda templária com vista a dotá-la dos requisitos espaciais com vista a aí se desenrolar as funções litúrgicas do ramo de frades contemplativos que ele entretanto introduzira na Milícia de Cristo. Para tal ele vai abrir dois janelões no paramento dos dois tramos do deambulatório virados a poente, para depois aí instalar, pendurado na alvenaria um coro em madeira. Ao mesmo tempo faz abrir quatro capelas nas paredes do deambulatório. Nos restantes tramos instala altares circundando o deambulatório. Particularmente importante foi a descoberta, nos nossos dias, de pinturas manuelinas a abóbada do deambulatório, e que haviam sido recobertas de cal em época posterior ao terramoto de 1755, cujos efeitos se fizeram sentir no edifício. O seu restauro ocorreu entre 1987 e 2014.
4. Castelo de Tomar
A construção do Castelo de Tomar iniciou-se em 1160, pela mão dos templários, fazendo parte de uma linha de defesa contra as investidas muçulmanas. Este objectivo viria a ser provado e 1190, com um ataque das forças do emir de Marrocos, em que Tomar não só resistiu ao cerco como lhes infligiu pesadas baixas, passando uma das portas do castelo a designar-se Porta do Sangue.

Com a extinção da ordem em 1312, o rei D. Dinis, entregou Tomar à Ordem de Cristo, de que viria a ser governador o Infante D. Henrique, que terá residido neste castelo. A partir de 1495, no reinado de D. Manuel I, são feitas diversas obras dentro do recinto do castelo, como a ampliação do Convento de Cristo e dos Paços da Rainha, criando um dos mais belos conjuntos arquitectónicos portugueses, numa reunião harmoniosa de diversos estilos arquitectónicos. Classificado como Monumento Nacional e Património da Humanidade, encontra-se bem conservado, tem vindo a ser alvo de diversas obras de conservação e restauro, nomeadamente na Charola, uma das mais belas obras construídas pelos templários, supostamente inspirada no Templo de Jerusalém.
5. Aqueduto dos Pegões
Situado perto de Tomar, sobre o vale da Ribeira dos Pegões, o Aqueduto dos Pegões é um dos maiores e mais imponentes aquedutos portugueses. Foi construído em finais do séc. XVI e princípios do séc. XVII, a mando de Filipe I, para abastecer de água o Convento de Cristo. A história deste aqueduto encontra-se pois fortemente ligada à do convento. Contudo, apesar da sua grande dimensão e do seu razoável estado de conservação, o Aqueduto dos Pegões Altos, é relativamente pouco conhecido e nem sequer é referido pela maioria dos guias turísticos, que para a cidade de Tomar apenas referem o convento e uma ou outra igreja.

Assim, quem veja este monumento pela primeira vez ficará certamente espantado ao descobrir que existe um aqueduto desta grandeza a tão pequena distância da cidade. O Aqueduto dos Pegões tem um comprimento total de cerca de 5 a 6 km e no troço de maiores dimensões atinge uma altura máxima de 30 metros. Aqui a construção é composta por duas fiadas de arcos, sendo os de cima redondos e os de baixo ogivais. Originalmente o aqueduto era abastecido por três mães-d´água. O aqueduto pode ser percorrido a pé ao longo da sua parte superior, pois existe uma plataforma que acompanha a caleira de água. Este percurso constitui uma experiência única, dado que os outros aquedutos portugueses não podem ser percorridos livremente.
6. Mata Nacional dos Sete Montes
Situada no centro de Tomar, junto a uma das suas principais avenidas, a Mata Nacional dos Sete Montes com cerca de 39 hectares é o principal parque da cidade. Esta mata faz a ligação ao castelo e é também conhecida como a Cerca do Convento, de que fazia parte integrante, sendo usada pela Ordem de Cristo como área de cultivo e recolhimento.

No meio da vegetação frondosa de que fazem parte ciprestes, olaias, carvalhos e oliveiras seculares, destaca-se um templo miniatural, uma torre cilíndrica que pelo seu formato é conhecida como a “Charolinha”. Este templete em pedraria lavrada parece uma réplica das torres-lanterna do Convento de Cristo e foi construído segundo o plano de João de Castilho, arquitecto encarregue das obras renascentistas no convento. Rodeada por um tanque circular, a Charolinha é uma “Casa de fresco” que parece isolada do mundo, um retiro secreto e oculto a que se acede transpondo uma ponte de pedra.
7. Igreja de Santa Maria do Olival
A Igreja de Santa Maria do Olival de Tomar, foi parte de um convento beneditino durante o tempo do Nâbancia. Este templo foi reconstruído por D. Gualdim Pais no ano de 1160, tornando esta igreja o Panteão dos Templários. A sua estrutura segue o modelo das igrejas portuguesas de dimensão média do período gótico. As suas capelas laterais são obra de João de Castilho, famoso arquitecto que realizou um grande número de obras, em terras lusitanas, sendo a sua obra-prima, o Mosteiro dos Jerónimos de Lisboa.

O templo que vemos hoje data do século XII e é um bom exemplo da arquitectura gótica portuguesa. O interior tem três naves, é ampla e luminosa por causa de uma roseta existente na sua fachada. Nela vais encontrar os túmulos góticos do próprio Gualdim Pais, bem como o do mestre Lourenço Martins e de D. Gil Martins. Em frente à igreja, encontrarás uma torre quadrangular, onde presume-se que haja um túnel que liga a igreja ao Castelo dos Templários de Tomar.
8. Moinhos e Lagares d’El Rei
Os moinhos e lagares d’El Rei localizam-se na Rua Everard, também conhecida por rua da “Levada”, na margem direita do rio Nabão. No século XII o rio chegava até à rua dos Moinhos, nome que ganhou na Idade Média quando ficava em frente aos moinhos da vila. Quando fundaram Tomar, em 1160, os Templários construíram logo moinhos junto ao Nabão. O primeiro foral de Tomar, doado por D. Gualdim Pais em 1162, já falava de azenhas, ou seja, moinhos que moíam os cereais aproveitando a força da água. A partir do século XV, a força da água também foi aproveitada para fazer funcionar os lagares que moíam a azeitona. Os Templários ergueram um açude, hoje chamado dos Frades, desviando parte do rio Nabão para um canal, a levada.

A água desviada para este canal passava por baixo dos moinhos, através de estreitos túneis. A sua força movia o mecanismo para fazer girar as mós que moíam os cereais. Dos lagares que chegaram aos nossos dias, os mais antigos são os que ficam junto à ponte Velha, o do Alcaide-Mor e o do Secretário. Os Lagares da Cruz e de Martim Teles nasceram quando o Infante D. Henrique era governador da Ordem de Cristo, no século XV. Até 1912 estavam nos lagares os três símbolos de D. Manuel : a esfera armilar, a cruz de Cristo e o escudo nacional. Logo no início do século XX, Tomar foi a 5ª cidade do país a ter electricidade. Em 1912, para alargar a central eléctrica, o lagar da Cruz foi demolido.
9. Igreja de São João Baptista
A Igreja de São João Baptista está empoleirada sobre a praça da República de Tomar, a cidade dos Templários em Portugal. É uma igreja gótica cuja data de fundação é desconhecida, mas sabe-se que a sua reconstrução foi efectuada no final do século XV, sob as ordens de D. Manuel I. Destaca-se o seu belo pórtico de estilo gótico flamejante, bem como o púlpito à esquerda da nave, desenhada por um artista francês anónimo; e o sólido estilo da torre de sino de estilo manuelino, com base rectangular no primeiro nível, octogonal no segundo, com uma abertura para as campainhas de lado; e hexagonal no topo.

No interior é de salientar ainda o púlpito de estilo gótico tardio, com enfeites de vegetais e vários quadros de grande valor artístico: vários deles flamengos, como o Tríptico do baptismo de Cristo, alguns atribuídos a Gregório Lopes, a artista como o Última Ceia ou a Decapitação de São João Baptista, todos eles do século XVI. Este edifício foi classificado como monumento nacional em 1910.
10. Sinagoga de Tomar
Com fachada muito discreta, como quase todos os templos judaicos no mundo cristão, o interior da pequena sinagoga de Tomar é uma surpresa. O tecto é suportado por 4 colunas que representam as mães de Israel: Sara, Raquel, Rebeca e Lea. Entre as colunas ligam-se 12 arcos, símbolo de 12 tribos de Israel e nos cantos da sala de culto quatro bilhas de barro ampliam o som da voz. O templo foi mando erigir pelo Infante D. Henrique, o Navegador, a quem a comunidade judaica financiou parte da obra dos Descobrimentos.

Com a expulsão dos Judeus de Portugal em 1496, a sinagoga foi fechada e teve vários usos até que foi adquirida em 1920 pelo Dr. Samuel Schwarz, que a doou ao Estado, na condição de que fosse aí instalado o Museu Luso-Hebraico. Criado em 1939, apresenta uma importante colecção de lápides, provenientes de vários locais do país, atesta a importância da cultura hebraica em Portugal. Destaca-se a lápide funerária, proveniente de Faro, alusiva ao falecimento de Rab loseph de Tomar, em 1315 e a lápide de 1308, que assinalou a fundação da segunda Sinagoga de Lisboa. O acervo integra livros e objectos da tradição e culto judaicos.
11. Igreja da Nossa Senhora da Conceição
A Igreja de Nossa Senhora da Conceição começou a ser construída em 1551, sendo um dos últimos trabalhos do arquitecto João de Castilho, com uma vasta obra em Portugal em que se inclui o Mosteiro dos Jerónimos e o Convento de Cristo. Destinava-se a panteão de D. João III, que no entanto acabou por ser sepultado na Igreja do Mosteiro dos Jerónimos. Em termos arquitectónicos, a unidade de estilo renascentista que aqui se encontra foi inovador no país.

A estrutura remete para o Templo Malatestiano de Rimini desenhado por Leon Battista Alberti, embora com elementos nacionais como as janelas perspectivadas, entre outros. De referir a decoração geométrica com florões e mascarões grotescos. Nos capitéis da zona do transepto e da capela-mor, um conjunto de símbolos de sentido funerário, como as caveiras ou a fénix, integram um programa iconográfico humanista surpreendente transmitindo uma mensagem de triunfo sobre a morte e glorificação da instituição real. Também a localização não foi escolhida ao acaso. A Igreja encontra-se entre a cidade dos Homens, a vila de Tomar, e a cidade de Deus, o Convento de Cristo.
12. Convento de Santa Iria
O Convento de Santa Iria foi construído no séc. XVI sobre um edifício muito antigo, anterior à fundação do castelo e está situado nas margens do Rio Nabão, no local onde teve lugar o martírio de Santa Iria, degolada por ordem de Britaldo. O seu corpo atirado ao rio foi dar a Santarém, onde segundo a lenda as águas do Tejo se abriram para mostrar o seu caixão. No meio do rio, um padrão assinala o local onde terá ocorrido esse milagre.

Contemporâneo das obras de ampliação do Convento de Cristo, o templo exibe na fachada norte um portal renascentista. No interior da igreja de pequenas dimensões, destaca-se na Capela dos Valles um retábulo notável em pedra calcária atribuído a João de Ruão. No exterior, por baixo do nicho com a imagem de Santa Iria, encontra-se uma pedra onde está representado um touro em relevo a que alguns esoteristas atribuem um significado simbólico, já que o animal olha para norte, em direcção ao castelo templário e à constelação Arcuturus, relacionada com a personagem do Rei Artur e as narrativas do Graal e da Távola Redonda.