A proposta de Pedro Sánchez para criar um salário mínimo comum em toda a União Europeia colocou o tema no centro do debate político europeu.
A ideia surgiu durante o congresso do Partido Socialista Europeu (PSE), em Amesterdão, onde o primeiro-ministro espanhol defendeu que a UE deve reforçar a coesão social através de um referencial salarial partilhado por todos os Estados-Membros.
Segundo Sánchez, garantir um nível mínimo de rendimento para todos os trabalhadores europeus seria um passo decisivo para reduzir desigualdades e responder às pressões económicas que afetam as classes médias em vários países.
O que está em causa na proposta?
O conceito de um salário mínimo europeu não é novo, mas ganhou nova força com esta intervenção. O objetivo seria definir um quadro comum que assegurasse que o trabalho é remunerado de forma justa em toda a União, evitando disparidades que se refletem na competitividade entre países e no bem-estar dos cidadãos.
Sánchez argumenta que a sobrevivência do projeto europeu exige medidas concretas de proteção laboral e social. “Depende de nós garantir que a União Europeia ofereça uma vida melhor aos seus cidadãos”, afirmou, citado pela Euronews.
Para o líder espanhol, um salário mínimo europeu reforçaria o pilar social da UE, alinhando-o com outras metas como o acesso à habitação, saúde, educação e uma transição energética justa.
As críticas e o contexto político
A proposta surge num momento em que a extrema-direita cresce em vários países europeus, um cenário que preocupa o primeiro-ministro espanhol. Sánchez acusou os partidos conservadores de se aproximarem de forças radicais e de colocarem em causa direitos fundamentais, como a igualdade de género e liberdades civis.
Segundo o chefe do Governo espanhol, esta evolução política fragiliza a democracia e aprofunda divisões sociais. Por isso, apelou à união das forças progressistas europeias, defendendo uma atuação coerente também na política internacional.
Uma visão de Europa mais igualitária
O discurso de Sánchez destacou uma Europa que coloque as pessoas no centro das políticas públicas. A sua visão inclui:
- Emprego digno e direitos laborais reforçados
- Políticas de habitação mais acessíveis
- Serviços públicos robustos
- Transição energética acelerada
- Redução das desigualdades sociais
Para o primeiro-ministro espanhol, estas prioridades são essenciais para que a prosperidade económica seja distribuída de forma mais equilibrada entre os cidadãos.
Espanha como exemplo apontado por Sánchez
O líder socialista fez ainda referência ao desempenho económico do seu país, sublinhando que Espanha está entre as economias que mais crescem na zona euro, segundo o Fundo Monetário Internacional.
Mencionou também que cerca de 60% da energia consumida no país já provém de fontes renováveis, algo que considera demonstrativo do compromisso com a sustentabilidade.
O que significaria um salário mínimo europeu?
Apesar do entusiasmo político, a criação de um salário mínimo comum enfrenta desafios complexos:
- As realidades económicas dos Estados-Membros são muito distintas
- A definição de um valor comum exigiria consenso político alargado
- Seria necessário garantir que não prejudica a competitividade de países com salários mais baixos
Ainda assim, a discussão reforça um ponto central: a necessidade de políticas sociais mais ambiciosas numa União cada vez mais pressionada por desigualdades e tensões políticas internas.
Um debate que não termina aqui
Para Pedro Sánchez, a Europa deve ser “um espaço onde prosperidade e justiça social caminhem lado a lado”. O futuro dirá se a proposta de um salário mínimo europeu ganhará tração suficiente para se transformar em política concreta.
Para já, a ideia marca mais um passo no debate sobre o que deve ser a União Europeia nas próximas décadas: um projeto económico, social ou ambos.







