Sabia que há um rio que nasce e desagua no porto, mas que quase ninguém conhece? É o rio frio, um ribeiro misterioso que foi encanado com o desenvolvimento urbano, mas que ainda deixa alguns vestígios na forma de fontes, chafarizes e bicas. Neste artigo, vamos contar-lhe a história deste rio fascinante e mostrar-lhe alguns dos seus segredos na cidade invicta.
O rio frio é um pequeno curso de água que tem origem nas proximidades da atual rua da torrinha, no centro do porto. SO seu percurso passava pelo local onde hoje está o hospital de Santo António, abastecia o chafariz das virtudes, corria ao longo do areal da praia de miragaia e desaguava no rio douro, no local onde se construiu o edifício da alfândega nova.
Com o crescimento da cidade e a construção de infraestruturas como esgotos, canalizações e vias rodoviárias, o rio frio acabou por ser totalmente encanado, ficando escondido debaixo das ruas e dos edifícios. No entanto, ainda é possível encontrar alguns sinais da sua existência, como fontes, bicas e chafarizes que eram alimentados pela sua água.

O rio frio faz parte da história e da cultura do porto. Este rio era usado pelos habitantes da cidade para diversos fins, como lavar roupa, regar hortas, abastecer tanques e fontanários, ou até mesmo para banhos termais.
Além disso, o rio frio também teve um papel na defesa da cidade durante as invasões francesas, pois serviu de obstáculo natural aos invasores que tentavam entrar pela zona de miragaia.
Apesar de estar oculto aos olhos dos transeuntes, o rio frio ainda deixa algumas pistas do seu percurso na cidade e é possível decifrar parte do seu antigo percurso olhando para elas.
Trata-se de um conjunto de fontes e chafarizes que se abastecem a partir das águas do ribeiro. Algumas das mais conhecidas são:
- Fonte do Bicho: encontra-se na embocadura da rua de são pedro de miragaia e foi construída em 1821 por um capitão da marinha mercante que cedeu uma pena de água do rio frio para serventia do público.
- Chafariz das Virtudes: situa-se na praça das virtudes e foi edificado em 1619 por ordem do bispo do porto. Recebia água do rio frio através de um aqueduto subterrâneo que ainda existe.
- Fonte da Porta do Olival: localiza-se na rua dos caldeireiros e era uma fonte pública que fornecia água potável aos moradores. Foi mandada construir em 1756 pelo provedor da misericórdia do porto.
- Fonte das Oliveiras: fica na rua das oliveiras e era uma fonte ornamental que pertencia ao convento das carmelitas. Foi erguida em 1760 e recebeu água do rio frio até 1916.

O rio frio não é o único rio que foi encanado no porto. Há outros rios e ribeiras que também correm debaixo da cidade e que têm a sua história e importância. Segundo o site Águas e Energia do Porto, alguns desses rios são:
- Rio Tinto: afluente da margem direita do rio Douro, nasce em Valongo e abrange a Maia, Gondomar e Porto. No Porto, tem como afluentes as ribeiras de Cartes, Currais, Vila Meã e Lomba.
- Rio Torto: afluente da margem direita do rio Douro, nasce no concelho de Gondomar e desagua na freguesia de Campanhã, perto do Palácio do Freixo.
- Ribeira de Aldoar: a maior linha de água da orla costeira, nasce na freguesia de Aldoar e de Ramalde e desagua junto ao Castelo do Queijo.
- Ribeira dos Amores: nasce na freguesia de Paranhos e segue em direção ao concelho da Maia. É afluente do rio Leça.
- Ribeira da Asprela: também afluente do rio Leça, tem vários afluentes que nascem na freguesia de Paranhos. Atravessa o polo universitário da Asprela e é também conhecida como ribeira da Manga.
O rio frio é um rio esquecido mas fascinante que corre debaixo da cidade do porto. Apesar de estar oculto, ainda é possível descobrir alguns dos seus vestígios na forma de fontes, chafarizes e bicas que testemunham a sua importância histórica e cultural.
Se quiser saber mais sobre este rio misterioso, pode visitar alguns dos locais por onde ele passa e apreciar os vestígios que ele deixou antes de ser encanado. Irá certamente ficar com vontade de explorar mais os segredos da cidade invicta.
Sempre que passo em Arca de Água lembro-me deste rio subterrâneo . Graças ao historiador Germano de Sousa, foi detalhadamente divulgado.