Durante muitos anos, conduzir em ponto morto foi visto como um truque simples para reduzir o consumo de combustível, sobretudo em descidas longas. A ideia passou de geração em geração e continua a ser praticada por alguns condutores.
No entanto, com a evolução dos motores, esta lógica deixou de fazer sentido — e pode mesmo sair cara.
O que acontece realmente ao consumo
Nos automóveis modernos com injeção eletrónica, sempre que o carro está engatado e o condutor retira o pé do acelerador, o sistema corta praticamente o fornecimento de combustível. Isto significa que, em descidas ou em circulação a velocidade constante, o consumo pode ser praticamente nulo.
Ao contrário do que muitos pensam, colocar o carro em ponto morto obriga o motor a manter o ralenti ativo, continuando a gastar combustível. Ou seja, em vez de poupar, pode estar a consumir mais.
E nos carros mais antigos?
Em veículos sem injeção eletrónica — hoje cada vez mais raros — o motor continua a receber combustível mesmo quando não se acelera. Nestes casos, circular em ponto morto pode representar uma poupança imediata.
Ainda assim, essa eventual vantagem é compensada por maior desgaste dos travões e por uma perda clara de controlo do veículo, sobretudo em descidas prolongadas.
Menos controlo, mais riscos
Conduzir em ponto morto reduz significativamente a capacidade de controlo do carro. Sem travagem de motor, toda a desaceleração depende exclusivamente do sistema de travagem, que aquece mais depressa e se desgasta com maior rapidez.
Em piso molhado ou irregular, a aderência também é menor, tornando o veículo mais sensível a vento lateral ou a alterações súbitas do tráfego. Em descidas, o risco aumenta ainda mais: o carro ganha velocidade com facilidade e a resposta aos travões pode não ser imediata.
Há alguma vantagem real?
Na prática, não — pelo menos nos automóveis modernos. Os riscos superam largamente qualquer eventual benefício. A condução em ponto morto não reduz consumos de forma eficaz e compromete a segurança.
A tecnologia atual faz esse trabalho automaticamente, desde que o carro esteja na mudança adequada.
Como poupar combustível de forma eficaz
Existem alternativas simples e seguras para reduzir consumos:
- Aproveitar a inércia com o carro engatado, levantando o pé do acelerador
- Antecipar travagens e manobras
- Manter os pneus com a pressão correta
- Evitar cargas desnecessárias
- Escolher a mudança adequada a cada situação
Um mito que já não se aplica
Conduzir em ponto morto é uma prática herdada de outros tempos. Nos carros atuais, não só não poupa combustível, como aumenta o desgaste mecânico e os riscos na estrada.
Hoje, a melhor forma de poupar é confiar na tecnologia do motor, conduzir de forma antecipada e manter o veículo sempre engatado.







