O Palácio Conde de Sucena é uma das construções mais impressionantes e misteriosas do concelho de Águeda. Situado numa quinta com várias edificações, lagos artificiais e uma gruta, o palácio está completamente ao abandono há décadas. Quem foi o Conde de Sucena e porque deixou o seu património neste estado? Neste artigo vamos explorar a história e os segredos deste lugar fascinante.
O Palácio Conde de Sucena foi mandado construir por José Rodrigues de Sucena, um homem que nasceu pobre na aldeia da Borralha, em Águeda, e que se tornou rico e nobre no Brasil. O palácio era apenas uma das suas muitas propriedades, que incluíam também o Palácio de Seteais em Sintra e o Palácio da Foz, em Lisboa. O Conde de Sucena foi um grande benemérito, que ajudou as populações locais com obras de caridade e beneficência. Faleceu em 1925, deixando apenas um filho ilegítimo.
Depois da sua morte, o palácio passou por vários donos e foi sofrendo o desgaste do tempo e do vandalismo. Hoje em dia, o palácio está em ruínas, mas ainda conserva alguns vestígios da sua antiga glória. Quem o visita pode admirar a arquitetura imponente, os azulejos coloridos, os vitrais artísticos e os detalhes decorativos. Mas também pode sentir a atmosfera sombria e melancólica de um lugar que foi esquecido pela história.

O Palácio
O Palácio Conde de Sucena é um edifício de estilo neoclássico, com influências francesas e italianas. Tem dois pisos e uma torre central com um relógio que foi oferecido pelo rei D. Carlos ao Conde de Sucena, como sinal de amizade e reconhecimento. A fachada principal é ornamentada com colunas, balaustradas e estátuas. No interior, destacam-se os tetos trabalhados, os pavimentos de madeira e mármore, as lareiras de pedra e os espelhos dourados.
O palácio tinha várias divisões destinadas à habitação e ao lazer do Conde e dos seus convidados. Havia salas de estar, de jantar, de música, de jogos e de leitura. Havia também quartos, casas de banho, cozinhas e despensas. No piso superior havia uma capela privada, dedicada a Nossa Senhora da Conceição.
O edifício estava rodeado por um jardim cuidado, com canteiros de flores, árvores frutíferas e exóticas, fontes e bancos. No jardim havia também uma casa do caseiro, uma estufa e um coreto.
A quinta onde se situa o palácio tem cerca de 10 hectares e é atravessada por um ribeiro. Na quinta podemos encontrar outras construções interessantes, como um pavilhão de caça, uma casa de chá, um moinho e uma adega. Mas o que mais chama a atenção é a gruta artificial que o Conde mandou fazer.

A gruta é uma obra de arte que imita a natureza. É feita de cimento armado com arrames de ferro e coberta de pedras falsas. Tem cerca de 20 metros de comprimento e 10 metros de altura. No seu interior há estalactites, estalagmites e conchas. Há também uma estátua de uma gárgula que foi decapitada pelos vândalos.
A gruta tem várias entradas e saídas. Uma delas dá para um lago artificial que tinha peixes e patos. Outra dá para a casa de chá, onde o Conde recebia os seus amigos para um lanche.
O Túnel
Uma das atrações mais curiosas e intrigantes da quinta é o túnel subterrâneo que liga o palácio à gruta. O túnel tem cerca de 100 metros de comprimento e é iluminado por pequenas janelas. Para aceder ao túnel é preciso descer uma escada em caracol que se encontra numa das salas do palácio.
O túnel tem várias saídas que levam a diferentes partes da quinta. Uma delas dá para o lago artificial, onde se pode ver a gárgula sem cabeça. Outra dá para a gruta, onde se pode admirar as formações rochosas e as conchas. Há ainda uma saída que dá para um pavilhão de caça, onde se encontram troféus de animais.
O túnel é um exemplo da criatividade e do gosto pelo mistério do Conde de Sucena. Não se sabe ao certo qual era o seu propósito, mas pode-se especular que servia para surpreender os seus visitantes ou para escapar de alguma situação perigosa.

Curiosidades
O Palácio Conde de Sucena tem algumas curiosidades que vale a pena conhecer. Por exemplo:
- O relógio da torre central do palácio foi oferecido pelo rei D. Carlos ao Conde de Sucena, como sinal de amizade e reconhecimento.
- O Conde de Sucena era um grande devoto de Nossa Senhora da Conceição, a padroeira de Portugal. Por isso, mandou colocar uma imagem da santa na fachada do palácio e na capela privada.
- O Conde de Sucena tinha uma coleção de arte que incluía pinturas, esculturas, tapeçarias e livros raros. Infelizmente, a maior parte dessas obras foi roubada ou destruída.
- Era um homem generoso e bondoso, que ajudava os pobres e os doentes. Além de construir o hospital em Águeda, também doou dinheiro para a construção de igrejas, escolas e asilos.
- O Conde de Sucena nunca teve filhos legítimos, mas teve um filho natural com uma mulher brasileira. Esse filho chamava-se José Rodrigues de Sucena Filho e herdou parte da fortuna do pai. No entanto, acabou por perder tudo e morrer na miséria.
Conclusão
O Palácio Conde de Sucena é um lugar que merece ser visitado e preservado. É um testemunho da vida e da obra de um homem que saiu da pobreza e alcançou a riqueza e a nobreza. É também uma obra de arte que combina a arquitetura, a natureza e a fantasia.
Infelizmente, o palácio está em ruínas e corre o risco de desaparecer. É uma pena que um património tão valioso esteja abandonado e esquecido. Seria desejável que houvesse uma intervenção para recuperar e valorizar este lugar único.
Créditos das fotografias: Andre Joosse
Infelizmente, como muito do que acontece com outros edifícios e monumentos históricos. Sou do tempo de ver e absorver os documentários televisivos do Professor José Hermano Saraiva, a apelar às autoridades competentes para a conservação desses e outros edifícios e monumentos, com as suas histórias e memórias de relevo, espalhados por este país fora…enfim!