O Multibanco faz parte da vida dos portugueses há mais de três décadas. O som das notas a sair da máquina marcou gerações e simbolizou autonomia financeira.
No entanto, com o crescimento dos pagamentos digitais e a utilização cada vez mais frequente de carteiras no telemóvel, coloca-se uma questão inevitável: como será o Multibanco num futuro em que o dinheiro físico perde relevância?
A resposta não passa pelo desaparecimento, mas pela transformação.
Máquinas Multibanco deixam de ser apenas terminais de numerário
Contrariamente ao receio de muitos utilizadores, o Multibanco não está prestes a acabar. Tal como noutros países europeus onde a utilização de dinheiro em papel tem vindo a diminuir, a rede portuguesa está a preparar-se para evoluir para um modelo mais tecnológico e orientado para serviços digitais.
As máquinas do futuro funcionarão como pontos avançados de contacto entre o cliente e o banco. Em vez de servirem apenas para levantar dinheiro, permitirão:
- Efetuar transferências
- Consultar e validar pagamentos
- Gerar cartões virtuais
- Solicitar documentação bancária
- Confirmar operações com recurso ao Cartão de Cidadão
- Autenticar transações através de ligação ao telemóvel
O objetivo é que estes equipamentos funcionem como uma extensão física das aplicações bancárias, disponíveis 24 horas por dia.
Menos máquinas, mas mais completas
Portugal tem hoje cerca de 12 mil caixas automáticas. Esse número deverá diminuir ao longo da próxima década, reflexo da menor procura de numerário e dos crescentes custos de manutenção.
Porém, as máquinas que permanecerem serão mais versáteis e integradas em espaços de grande circulação, como supermercados, centros comerciais, estações de transportes e serviços públicos.
Estes novos terminais permitirão:
- Contactar o banco por videochamada
- Resolver bloqueios de cartões
- Validar operações com reconhecimento facial
- Associar operações diretamente à app bancária do utilizador
Em vez de máquinas simples espalhadas por vários pontos da cidade, existirão centros multifunções capazes de concentrar vários serviços num só equipamento.
Segurança reforçada numa era digital
Com a diminuição do dinheiro físico, o foco da segurança desloca-se do assalto tradicional para a proteção dos dados e das operações eletrónicas. As máquinas Multibanco evoluídas deverão apostar em:
- Autenticação biométrica (impressão digital ou reconhecimento facial)
- Integração com o telemóvel para validação de operações
- Recibos emitidos exclusivamente em formato digital
- Alertas automáticos de tentativa de acesso suspeito
O hábito de tapar o teclado poderá perder relevância, dando lugar a uma nova preocupação: a privacidade do ecrã do telemóvel, cada vez mais central na autenticação bancária.
Telefone substitui o cartão físico
Tal como aconteceu com os cheques, também o cartão bancário físico deverá perder importância. A tendência é clara: aproximar o telemóvel da máquina será suficiente para iniciar uma operação, com validação biométrica feita diretamente no dispositivo do utilizador.
Esta integração aumentará a rapidez, reduzirá o risco de fraude e tornará desnecessário transportar cartões no dia a dia.
E o papel-moeda?
O dinheiro físico não desaparece de um dia para o outro. Continuará a ser utilizado durante muitos anos, sobretudo entre populações mais velhas ou em áreas rurais onde a transição digital é mais lenta. Por isso, algumas máquinas continuarão a disponibilizar numerário, embora de forma mais concentrada e em menor número.
O modelo tende a evoluir para pontos estratégicos onde seja possível:
- Levantar dinheiro
- Pagar serviços
- Comprar bilhetes
- Resolver pequenas burocracias
Estes centros multifuncionais substituirão a ideia de ter um Multibanco em cada esquina.
Um Multibanco renovado, não substituído
O Multibanco não vai desaparecer. Vai transformar-se num balcão digital sempre acessível, com menos foco no numerário e mais na gestão segura de serviços financeiros. Num futuro com pagamentos cada vez mais digitais, a rede manterá o seu papel — adaptado aos novos hábitos e tecnologias.







