Receber mais dinheiro do que o solicitado num levantamento pode parecer um acaso positivo, mas é uma situação com implicações legais.
O montante extra não é considerado um bónus: pertence ao banco ou ao titular da conta de onde saiu. Ficar com ele pode levar a problemas sérios.
Quando a máquina falha
Apesar de raras, as falhas acontecem. Problemas no dispensador, erros de carregamento das gavetas ou falhas de software podem levar a que o terminal entregue notas a mais.
Mesmo assim, a lei é clara: o dinheiro não passa a ser do utilizador. Reter o valor indevidamente pode configurar apropriação ilegítima.
Como os bancos identificam o erro
As instituições bancárias têm mecanismos rigorosos para detetar estes casos, nomeadamente:
- registos eletrónicos de todas as operações;
- sensores que contam as notas dispensadas;
- câmaras de vigilância na zona do multibanco;
- reconciliação diária entre o numerário existente e o reportado pela máquina.
Quando há discrepâncias, o banco identifica rapidamente a operação e pode abrir um processo interno.
Se o valor não for devolvido, o caso pode seguir para o Ministério Público.
O que fazer se o multibanco entregar dinheiro a mais
Em caso de erro, é aconselhável:
- Guardar o talão da operação, que serve como prova.
- Não utilizar o dinheiro. Gastá-lo pode ser interpretado como intenção de retenção indevida.
- Contactar o banco de imediato, por telefone ou num balcão.
- Formalizar uma reclamação, se necessário, e registar o sucedido junto do Banco de Portugal.
- Guardar todos os registos das comunicações, incluindo e-mails, números de processo e nomes dos interlocutores.
A rapidez e a clareza na comunicação ajudam a resolver o problema e demonstram boa-fé.
E se o multibanco entregar menos do que devia?
O procedimento é semelhante: guardar o talão, anotar o local e a hora da operação e comunicar logo ao banco. Após verificação, o valor em falta é reposto.
Um gesto de responsabilidade
Devolver o dinheiro recebido por engano é uma obrigação legal e uma atitude que evita complicações posteriores.
Numa altura em que todas as operações ficam registadas — das notas dispensadas às imagens captadas pelas câmaras —, resolver a situação de forma transparente é sempre a opção mais segura.







