A discussão sobre o fim das moedas de 1 e 2 cêntimos voltou a ganhar força na Europa. Para muitos especialistas, estas pequenas moedas deixaram de cumprir a função para que foram criadas e tornaram-se um encargo logístico e financeiro.
Ao mesmo tempo, nos Estados Unidos, o histórico penny já entrou em fase de despedida, reforçando a tendência internacional para simplificar o numerário.
O que está a mudar na Europa
As moedas de 1 e 2 cêntimos foram introduzidas para garantir preços exatos na fase inicial do euro. Com o tempo, a prática mostrou que a circulação destas moedas é reduzida: acumulam-se em frascos, gavetas e carteiras, raramente regressam ao circuito e acabam por ser rejeitadas por muitos terminais de pagamento.
Um relatório da Comissão Europeia assinala que o custo da sua produção e gestão é superior ao próprio valor facial. Por isso, alguns países já avançaram com medidas para reduzir o impacto destas moedas no dia a dia.
A Estónia adotou regras de arredondamento para pagamentos em numerário e deixou de colocar novas moedas de 1 e 2 cêntimos em circulação.
A tendência tem apoio público. Segundo o Eurobarómetro, cerca de 64% dos cidadãos da zona euro concordam com o fim das moedas ou, pelo menos, com a obrigatoriedade de arredondamento nos pagamentos.
Apesar disso, nos países onde estas medidas já avançaram, as moedas continuam a ser aceites como meio de pagamento — simplesmente deixaram de ser produzidas em grande escala.
O paralelo com os Estados Unidos
A discussão não é exclusiva da Europa. Nos Estados Unidos, o penny enfrenta um cenário semelhante. O custo de produção ultrapassa largamente o valor da própria moeda, e as autoridades estimam que a sua eliminação permitirá poupar dezenas de milhões de dólares por ano.
O Departamento do Tesouro confirmou que a última encomenda de blanks para fabricar pennies foi realizada este ano, marcando o fim da sua produção. As moedas existentes continuam válidas, mas os pagamentos em numerário passam a ser arredondados ao valor do nickel, o equivalente a cinco cêntimos.
Esta alteração tem implicações práticas nos hábitos de consumo, nos sistemas de troco e nos preços apresentados em lojas físicas.
O que poderá mudar em Portugal?
A eliminação das moedas de 1 e 2 cêntimos não depende apenas da vontade individual de cada país. O euro é uma moeda única e qualquer alteração oficial às denominações exige consenso entre todos os Estados-membros da zona euro.
Mesmo assim, Portugal acompanha o debate. Curiosamente, os dados mais recentes indicam que somos dos países menos favoráveis à retirada destas moedas, com cerca de 49% dos inquiridos contra a sua eliminação total.
Se a União Europeia avançar, o impacto será sobretudo visível nos pagamentos em numerário. O troco passará a ser arredondado — para cima ou para baixo — e a circulação das moedas mais pequenas diminuirá até se tornarem raras no uso corrente.
Para quem trabalha no atendimento ao público ou utiliza numerário com frequência, a transição fará diferença. Para quem já recorre maioritariamente a pagamentos digitais, o impacto será mínimo.
Uma mudança gradual e com impacto económico
Qualquer alteração deste género será gradual. Não haverá um dia específico em que as moedas deixarão de existir. O processo passa por reduzir a produção, incentivar o arredondamento e permitir que as moedas em circulação desapareçam de forma natural.
Do ponto de vista económico, o argumento é claro: fabricar, transportar e gerir milhões de moedas cujo valor prático é reduzido gera custos elevados.
A possível subida ligeira de preços associada ao arredondamento é uma preocupação real, mas também existem ganhos operacionais para o comércio e para os sistemas financeiros.
O equilíbrio entre conveniência, poupança e impacto no consumidor será determinante para definir o futuro destas moedas na Europa.







