A imagem é familiar nas cidades portuguesas: carros alinhados num semáforo vermelho, motor ligado, e um ou outro condutor a aproveitar a paragem para enviar uma mensagem, espreitar as redes sociais ou atender uma chamada. Mas o que muitos ignoram é que este hábito, aparentemente inofensivo, constitui uma infração grave.
A Polícia de Segurança Pública (PSP) esclareceu que usar o telemóvel ao volante é ilegal mesmo quando o veículo está parado no semáforo. O facto de o carro não estar em movimento não altera a condição de “condutor”, uma vez que o veículo continua inserido na circulação.
O que diz o Código da Estrada
O Código da Estrada é explícito: manusear o telemóvel ao volante é proibido, salvo quando se utiliza um sistema de mãos-livres devidamente instalado e que não exija contacto manual.
Segundo o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, esta prática configura infração grave, punida com:
- Multa entre 250 e 1.250 euros;
- Perda de três pontos na carta de condução;
- Possível inibição de conduzir entre 1 e 12 meses, em casos mais graves.
O enquadramento legal é severo porque a distração ao volante é uma das principais causas de acidentes nas estradas portuguesas.
Porque é que é perigoso, mesmo parado
Usar o telemóvel no semáforo pode parecer seguro, mas os riscos são reais. Basta um segundo de desatenção para que o semáforo mude de cor, um peão atravesse a passadeira ou outro veículo realize uma manobra inesperada.
Estudos internacionais demonstram que o uso do telemóvel ao volante multiplica por quatro o risco de acidente. A PSP alerta que, mesmo em filas de trânsito ou paragens momentâneas, o condutor deve manter total atenção à via.
Exemplos que mostram o perigo
Em Lisboa, uma condutora embateu no veículo da frente enquanto escrevia uma mensagem parada num semáforo. O impacto foi ligeiro, mas uma criança no banco traseiro sofreu ferimentos.
No Porto, um condutor distraído ao telefone não arrancou quando o sinal ficou verde, criando confusão e perigo entre vários automóveis que tentaram avançar ao mesmo tempo.
Casos como estes mostram que a distração, mesmo breve, tem consequências reais — tanto no trânsito como na vida de quem conduz.
O que fazer em caso de urgência
Se surgir uma chamada ou mensagem urgente, a recomendação da PSP é inequívoca: encostar o veículo em segurança e estacionar antes de tocar no telemóvel. Essa decisão simples pode evitar um acidente grave ou uma sanção pesada.
Uma questão de responsabilidade coletiva
A segurança rodoviária depende do comportamento de todos. Cada condutor é responsável não apenas pela própria vida, mas também pela de passageiros, peões e ciclistas. Respeitar o Código da Estrada é, por isso, um ato de cidadania e de respeito mútuo.
Estar parado num semáforo não deixa de ser conduzir. Usar o telemóvel nessa circunstância significa infringir a lei e pôr em risco a segurança.
Em resumo
- Parar no semáforo não suspende a condução.
- Manusear o telemóvel é infração grave, punível com multa e perda de pontos.
- A distração é uma das principais causas de acidentes urbanos.
Da próxima vez que o semáforo ficar vermelho, o melhor é deixar o telemóvel quieto. Aproveitar o momento para respirar fundo e manter a atenção na estrada pode ser o gesto que evita um acidente.
Checklist prático: o que fazer (e não fazer) no semáforo
Deve:
- Manter as mãos no volante e os olhos na estrada;
- Usar o tempo de paragem para relaxar e preparar a saída;
- Manter distância de segurança do carro da frente;
- Estar atento à mudança das luzes e à presença de peões.
Não deve:
- Usar o telemóvel para chamadas, mensagens ou redes sociais;
- Ajustar dispositivos eletrónicos de forma prolongada;
- Procurar objetos, maquilhar-se ou comer;
- Desviar a atenção para distrações externas.
Mesmo parado, o condutor continua responsável pelo que acontece à sua volta. A mensagem pode esperar — a segurança não.







