O Imposto Único de Circulação (IUC) vai mudar de forma significativa a partir de janeiro de 2026. A alteração mais visível será a uniformização do prazo de pagamento: o imposto passa a ter de ser liquidado até ao final de fevereiro, independentemente do mês da matrícula do veículo.
A medida, integrada no pacote de simplificação fiscal aprovado pelo Governo em 2025, elimina o sistema que associava o pagamento ao mês da matrícula. Mas o impacto não será apenas administrativo — haverá também um ajustamento gradual no valor do imposto, que irá atingir sobretudo os veículos mais antigos.
Fim da “estratégia da matrícula”
Com o novo regime, todos os contribuintes passam a ter um prazo único de pagamento. A concentração do processo num só mês deverá facilitar a gestão fiscal, mas exigirá maior organização dos condutores, já que milhões de pagamentos terão de ser feitos simultaneamente através do Portal das Finanças.
Quem tiver um IUC superior a 100 euros poderá optar pelo pagamento em duas prestações: a primeira até ao final de fevereiro e a segunda até ao final de outubro. Valores iguais ou inferiores a 100 euros terão de ser pagos de uma só vez em fevereiro.
O verdadeiro impacto: o aumento gradual do imposto
A principal alteração não está nas datas, mas no cálculo do valor a pagar. O novo modelo introduz progressivamente o critério das emissões de CO₂ para os veículos matriculados antes de julho de 2007, que até agora pagavam apenas com base na cilindrada e na idade.
Em 2026, será cobrado 25% da diferença entre o valor atual e o novo valor total. A percentagem aumentará gradualmente nos anos seguintes até atingir o montante integral previsto nas novas tabelas.
Esta mudança visa alinhar a tributação com os objetivos de sustentabilidade ambiental, penalizando veículos mais poluentes e aproximando o regime dos padrões europeus.
Possível “dupla fatura” no início do ano
Há uma situação a que os condutores devem estar atentos: quem pagar o IUC de 2025 em novembro ou dezembro poderá ter de liquidar novamente o imposto de 2026 apenas dois a três meses depois, em fevereiro.
Esta coincidência de prazos poderá criar dificuldades de tesouraria para alguns contribuintes, sobretudo aqueles com veículos sujeitos a impostos mais elevados.
Isenções e métodos de pagamento mantêm-se
As isenções atuais continuam em vigor. Veículos elétricos mantêm isenção total; híbridos plug-in têm redução de 75%; e automóveis clássicos com mais de 30 anos continuam abrangidos pelo regime especial.
Os métodos de pagamento não sofrem alterações: Portal das Finanças, Multibanco, MB Way, homebanking ou balcões dos CTT continuam a ser válidos.
O que acontece em caso de atraso
O não pagamento dentro do prazo poderá originar coimas entre 25 e 50 euros, além de juros de mora. Em casos persistentes de incumprimento, o veículo poderá ser imobilizado ou apreendido.
Para evitar penalizações, recomenda-se a emissão atempada da referência de pagamento e a verificação do valor devido diretamente no Portal das Finanças.
Um imposto com ambição ambiental
O novo modelo do IUC pretende refletir de forma mais justa o impacto ambiental de cada veículo. A transição será gradual, mas inevitável, numa altura em que o país procura incentivar a substituição de automóveis mais poluentes por alternativas mais eficientes e sustentáveis.
Ainda assim, os próximos anos trarão desafios: milhões de condutores terão de se adaptar a um calendário concentrado, a novas regras de cálculo e, em muitos casos, a um aumento real da despesa anual com o automóvel.
📋 IUC 2026 — o essencial em resumo
| Categoria | Regras até 2025 | Novas regras a partir de 2026 |
|---|---|---|
| Prazo de pagamento | Até ao final do mês da matrícula do veículo | Prazo fixo para todos: até 28 de fevereiro |
| Número de prestações | Pagamento único | Duas opções:• Até 100 € – pagamento único em fevereiro• Mais de 100 € – 2 prestações (fevereiro e outubro) |
| Critério de cálculo | Cilindrada e ano da matrícula | Cilindrada + emissões de CO₂ (abrange veículos pré-2007) |
| Aumento previsto | — | Em 2026, paga-se 25% da diferença entre o valor antigo e o novo; aumento progressivo nos anos seguintes |
| Isenções | Veículos elétricos, híbridos plug-in (-75%), veículos históricos, pessoas com deficiência | Mantêm-se as mesmas regras de isenção |
| Métodos de pagamento | Portal das Finanças, Multibanco, MB Way, homebanking, CTT | Mantêm-se todos os canais atuais |
| Coimas por atraso | Desde 25 € + juros de mora | Mantêm-se as mesmas penalizações |
| Quem é afetado | Todos os proprietários de veículos matriculados em Portugal | Principalmente veículos anteriores a julho de 2007 e importados usados |








Mesmo que o CO2 seja “zero 0” o carro esteja parado ou seja a gpl paga na mesma….. !!!?? O critério não é o da poluição. É o de extorquir ao contribuinte o max possível. Tenho 3 clássicos ou abato tudo ou vendo tudo. O mais certo é abater. Não valem o trabalho e o imposto que vão pagar cerca de 600€ ano.
…
Ainda estamos a pagar portagens e impostos sobre veículos na compra da primeira vez?
Acho que nunca teve a ver com poluição, eu tenho um carro de 10/2007 e um amigo meu tem um carro igual de 5/2007. A diferença entre os dois são 200 euros. Onde está a diferença das emissões de co???
Como será a vida dos condutores do interior do país, que são obrigados a recorrer ao automóvel para as suas deslocações para o trabalho, em que recebem o salário mínimo e têm carros antigos não por gosto ou escolha mas sim porque não têm acesso financeiro a um veículo mais moderno … Conheço casos em que ganham 900 euros e fazem 120 km diários para ir trabalhar (sem alternativa de transporte público), gastam 300 euros de gasóleo por mês, fora IUC manutenção, quem acha que conseguem ter dinheiro para comprar um carro eléctrico ou conseguir pagar um IUC actualizado. Vai sem dúvida encaminhar essa pessoas ainda mais para a pobreza ! Não compreendo estas medidas anti sociais. Em França não há IUC, os carros têm uma carga fiscal muito menor sendo mais acessíveis, no caso de um usado paga um valor único no momento da compra que ronda os mil euros e não volta a pagar impostos. … é necessário uma reflexão