Com a subida dos custos da energia e as variações cada vez mais acentuadas de temperatura em Portugal, o isolamento térmico passou a ser uma prioridade para muitas famílias.
Entre promessas de soluções rápidas e obras profundas, nem tudo o que se diz corresponde à realidade. Separar o que funciona do que pouco acrescenta é essencial para investir bem.
A boa notícia é que existem intervenções com impacto real no conforto da casa — no inverno e no verão — e outras que, apesar de populares, trazem resultados limitados.
Onde o investimento compensa
Janelas com vidro duplo e rutura térmica
Ter vidro duplo não chega. O desempenho térmico depende, sobretudo, do caixilho. Estruturas antigas em alumínio, sem rutura térmica, funcionam como pontes de frio e favorecem a condensação.
Caixilhos em PVC ou em alumínio com rutura térmica, combinados com vidro de baixa emissividade, reduzem de forma significativa as perdas de calor, podendo cortar até metade da transmissão térmica pelas janelas.
Isolamento do teto ou do sótão
O calor sobe. Quando o teto não está isolado, grande parte da energia usada para aquecer a casa perde-se rapidamente. Por isso, este é um dos pontos com melhor relação custo-benefício.
Materiais como lã de rocha ou painéis de cortiça aplicados no sótão são soluções eficazes e, muitas vezes, mais prioritárias do que intervir nas paredes.
Sistema ETICS (capoto)
Para quem pode avançar com obras exteriores, o sistema ETICS continua a ser a solução mais completa. Ao isolar a envolvente do edifício, elimina pontes térmicas em pilares, vigas e paredes exteriores.
Além de melhorar o conforto térmico, ajuda a reduzir problemas de humidade e bolor, com impacto direto na durabilidade do edifício.
O que não faz milagres
Pinturas “térmicas”
Existem tintas com microesferas que prometem isolamento. Na prática, a espessura aplicada é mínima e incapaz de substituir centímetros de material isolante. Podem ter algum efeito na reflexão do calor no verão, mas não resolvem problemas estruturais de frio.
Placas coladas no interior das paredes
Colar esferovite ou materiais semelhantes no interior pode agravar a condensação. A humidade fica retida entre a parede fria e o revestimento, criando bolor oculto e riscos para a saúde, além de danos na estrutura.
Culpar o ar condicionado
O problema raramente está no equipamento. Sem isolamento adequado, qualquer sistema de aquecimento ou arrefecimento terá de trabalhar mais tempo e com maior consumo.
Medidas simples que ajudam
Nem sempre é possível fazer obras de imediato. Ainda assim, pequenas intervenções podem melhorar o conforto térmico:
- Calafetagem de portas e janelas: fitas de vedação reduzem entradas de ar frio com um custo reduzido.
- Isolamento das caixas de estores: são um dos pontos mais frágeis da casa e fáceis de melhorar.
- Tapetes e cortinas espessas: criam uma barreira adicional e ajudam a reduzir perdas de calor pelas janelas.
Prioridades de investimento
| Intervenção | Eficácia | Custo |
|---|---|---|
| Calafetagem de frestas | Média | Muito baixo |
| Isolamento de sótão | Muito alta | Médio |
| Substituição de janelas | Alta | Alto |
| Capoto exterior | Máxima | Muito alto |
Antes de investir, importa avaliar o estado da casa e definir prioridades. Em muitos casos, pequenas melhorias bem escolhidas trazem ganhos imediatos e preparam o caminho para intervenções maiores no futuro.







