A Comissão Europeia apresentou um conjunto de propostas que podem mudar a forma como as pessoas preparam a reforma. O objetivo é simples: ajudar cada trabalhador a perceber quanto vai receber no futuro e facilitar o acesso a planos de poupança complementar.
Um portal único para ver todas as pensões
Uma das propostas é criar um portal onde cada pessoa consegue ver, num só lugar, todos os direitos de pensão acumulados ao longo da vida. Isto inclui períodos trabalhados em diferentes empresas, caixas de pensões ou até noutros países da UE.
Para quem está perto da idade da reforma, esta medida pode ajudar a evitar surpresas e a ter uma ideia mais clara do valor final da pensão.
Ferramenta para os governos controlarem o sistema
A UE quer também que os governos tenham uma ferramenta que lhes permita acompanhar o estado real dos sistemas de pensões — se são sustentáveis, se cobrem toda a população e se precisam de ajustes. A ideia é evitar problemas futuros e garantir que as reformas se mantêm estáveis.
Mais incentivos aos planos complementares
A Comissão Europeia recomenda que os países reforcem os incentivos fiscais para quem aderir a planos de poupança para a reforma. Estes incentivos aplicam-se tanto aos trabalhadores como às empresas.
A proposta destaca ainda que quem muda de emprego ou de país dentro da UE deve continuar a beneficiar desses incentivos — algo importante para muitos portugueses que trabalharam no estrangeiro.
Inscrição automática em planos de poupança
A medida mais marcante é a possibilidade de todos os trabalhadores passarem a estar inscritos automaticamente num plano complementar. Ou seja, em vez de cada pessoa ter de decidir aderir, a inscrição seria feita por defeito.
Quem não quiser, pode sair. Mas a experiência de outros países mostra que a maioria das pessoas acaba por ficar e acumular poupança sem grandes complicações.
A UE recomenda ainda que as contribuições comecem baixas e aumentem de forma gradual, para que o esforço inicial seja mais leve.
Inclui trabalhadores independentes e vínculos atípicos
Estas propostas não se aplicam apenas a contratos tradicionais. A Comissão quer que trabalhadores independentes e pessoas com vínculos diferentes — como freelancers — também possam aderir a planos complementares, com regras mais flexíveis nos valores e na frequência das contribuições.
Menos escolhas para evitar confusão
Muitos esquemas de pensões têm tantas opções que acabam por afastar quem não está habituado a lidar com investimentos. Por isso, a Comissão sugere que sejam criadas soluções pré-definidas simples, com poucas alternativas, facilitando a vida a quem só quer poupar sem grandes complicações.
Sem mudanças no papel dos sindicatos e das empresas
A Comissão Europeia garante que estas propostas não alteram o papel dos sindicatos, associações patronais e outros parceiros sociais. Países como Portugal, onde já existem fundos ocupacionais negociados por estas entidades, poderão manter os seus esquemas.
O que muda para quem está perto da reforma?
Se estas propostas forem aplicadas em Portugal, os trabalhadores perto da idade da aposentação poderão ter:
- acesso imediato a um portal único para ver todas as pensões acumuladas;
- mais clareza sobre o valor final da reforma;
- possibilidade de aderir automaticamente a um plano complementar (e sair se não quiser);
- mais incentivos fiscais caso optem por reforçar as poupanças.
Por enquanto, são recomendações. Cada país terá de decidir se as aplica e de que forma. Mas, se avançarem, estas medidas podem tornar o processo de preparação para a reforma mais claro e mais simples para todos — sobretudo para quem está prestes a dar esse passo.







