Em 1199 D. Sancho I doa a Herdade da Açafa à Ordem do Templo, este território era delimitado, de modo muito sumário a norte pelo Rio Tejo e a sul detinha parte do território dos actuais concelhos de Nisa, Castelo de Vide e parte do território espanhol junto à actual fronteira. Estas doações tinham como objectivo fixar moradores em zonas ermas e despovoadas e consequentemente defender o território.

Os Templários edificaram uma fortaleza que os defendesse dos infiéis e sinalizava a posse desses territórios. Ao mesmo tempo o monarca anuncia a vinda de colonos franceses, que chegaram de forma faseada, sendo o último grupo destinado ao povoamento do território da Açafa.

Instalaram-se junto das fortalezas construídas pelos monges guerreiros e aí ergueram habitações, fundaram aglomerados populacionais a que deram o nome das suas terras de origem.
É neste sentido que surge possivelmente o de Nisa, ou seja sendo os primeiros habitantes oriundos de Nice, ergueram aqui a sua “ Nova Nice” ou melhor dizendo, a Nisa a Nova, que encontramos nos documentos, e quando surge o termo Nisa a Velha, este refere-se à sua antiga terra de origem, a Nice francesa.

Assim terão nascido Arêz (de Arles), Montalvão (de Montauban), Tolosa (de Toulouse), cidades do Sul de França. O primeiro Foral foi dado à Vila de Nisa entre 1229 e 1232, pelo Mestre Dom Frei Estêvão de Belmonte.

Em 1512 D. Manuel I atribuiu novo Foral à Vila, aparecendo a palavra Nisa escrita com dois “ss “, ou seja Nissa, provavelmente sob a influência da palavra Nice.

Ao Concelho de Nisa foram anexados os de Arêz e Montalvão por decreto de 6 de Novembro de 1836 e os de Alpalhão e Tolosa no decreto de 3 de Agosto de 1853, tendo sido desanexadas em 1895 e novamente anexadas em 1898.
Um pouco mais sobre Nisa…
Nisa é uma bonita vila Alentejana, sede de município, caracterizada pelo seu típico alvo casario de faixa colorida a alegrar, numa região de calma e sossego, afamada pelos seus saborosos queijos de ovelha.
Nisa tem origens muito antigas, tendo sido já habitada pelo homem desde a época Neolítica, conforme atestam os muitos vestígios neolíticos da região. A povoação ter-se-á desenvolvido a partir de um Castro no cimo do Monte de Nossa Senhora da Graça, tendo sido posteriormente habitada por Romanos, e por eles influenciada.
Com uma história bem antiga, nesta calma vila encontra-se um interessante Património, como o que ainda resta do Castelo do século XIII, as Portas da Vila que ainda restam das seis originais (a da Vila e a de Montalvão), as Igrejas Matriz do século XV e da Misericórdia do século XVI (com um interessante Museu de Arte Sacra), as Capelas do Calvário do século XVII e a de Nossa Senhora dos Prazeres do século XVI, ou a interessante Anta de S- Gens, integrada num conjunto de quatro monumentos megalíticos.
A encimar a vila está, a cerca de 3 km a bonita Ermida de Nossa Senhora da Graça, do século XVI, com várias alterações posteriores, famosa pela sua Romaria, realizada anualmente na segunda-feira de Páscoa. Situada a 300 metros de altura, tem-se do Miradouro adjacente, uma vista formidável, assim como do Miradouro da Serra de S. Miguel, situado a cerca de 460 metros de altura.
Muito procuradas são as Águas Minerais da Fadagosa, a cerca de 10km da vila, muito frequentadas por pessoas vindas de todo o País, sobretudo durante a época termal que se estende de Abril a Novembro.
Para além dos famosos Queijos, Nisa é também famosa pelos tradicionais Barros vermelhos, com as típicas cantarinhas e bilhas decoradas com pequenas pedras brancas com motivos florais, mas também as rendas de bilros e alinhavados.
Sempre tive curiosidade no concerne à pronúncia das gentes de Nisa, Tolosa, Arez, Gáfete e mesmo Monte da Pedra. A minha avó, tal como as outras sras. desse tempo diziam Xéle em vez de chaile e chéve em vês de chave. Outras palavras parecidas já não me recordo. Quando vi esta notícia pela primeira vez, acendeu-se uma luz em mim.