Depois de várias semanas de tempo seco e estável, Portugal prepara-se para a chegada de chuva intensa e persistente. A entrada de frentes atlânticas e massas de ar húmidas vai alterar o cenário meteorológico já a partir do próximo fim de semana, marcando o regresso do verdadeiro outono ao território continental.
Frentes atlânticas trazem instabilidade
A partir da noite de domingo, 19 de outubro, uma frente fria deverá atingir o país, com especial incidência no norte de Portugal, sobretudo no Minho. A nebulosidade vai aumentar desde sábado, sinal claro da aproximação de um episódio de precipitação significativa, segundo o portal especializado Meteored Portugal.
A mudança de padrão atmosférico deve-se ao enfraquecimento do bloqueio britânico e ao reforço do jato polar, agora orientado para a Península Ibérica.
Esta configuração vai permitir a chegada sucessiva de depressões atlânticas, acompanhadas por frentes ativas que trarão chuva frequente e por vezes intensa.
Rios atmosféricos e grandes volumes de humidade
Os modelos meteorológicos preveem a formação de rios atmosféricos — correntes de ar saturadas de vapor de água que se deslocam desde o Atlântico até à Europa Ocidental. Portugal, em particular o noroeste do país, estará entre as regiões mais afetadas por este fenómeno.
No Minho, as previsões apontam para acumulados superiores a 150 milímetros de chuva até quinta-feira, 23 de outubro, sobretudo nas zonas montanhosas de Braga e Viana do Castelo.
Estes valores colocam a região entre as mais chuvosas da Europa, ao nível da Galiza, da costa italiana da Toscana e dos Alpes franceses. Embora a chuva possa aliviar a seca em algumas áreas, há preocupação com os efeitos da erosão em zonas recentemente atingidas por incêndios.
Chuva também no Centro e no Norte interior
A precipitação não se limitará ao Minho. Porto, Aveiro, Vila Real e Viseu deverão registar acumulados entre 50 e 70 milímetros ao longo da semana, com valores mais elevados em locais de maior altitude. O padrão mantém-se típico das correntes atlânticas húmidas, com chuva mais intensa nas vertentes viradas a oeste.
Sul com pouca precipitação
O relevo voltará a desempenhar um papel decisivo. A serra de Montejunto-Estrela funcionará como barreira natural, retendo a humidade nas regiões do norte e centro.
Assim, as áreas a leste e a sul deverão registar chuva muito mais escassa, entre 5 e 15 milímetros, exceto no Nordeste Transmontano, onde poderão acumular-se cerca de 35 milímetros.
O regresso do verdadeiro outono
Com a entrada destas frentes, Portugal continental volta a estar sob influência atlântica, com depressões sucessivas e episódios de precipitação frequente.
O Minho deverá destacar-se como epicentro da instabilidade, podendo tornar-se uma das regiões mais húmidas da Europa nos próximos dias — um contraste marcado com o tempo seco que dominou o início de outubro.







