Já ouviu falar da Aldeia Velha do Juriz? Se não, prepare-se para conhecer um lugar fascinante e misterioso, que guarda os vestígios de uma aldeia medieval abandonada há séculos. A Aldeia Velha do Juriz é um sítio arqueológico situado perto da aldeia de Pitões das Júnias, no concelho de Montalegre, já dentro do Parque Nacional da Peneda Gerês.
É a aldeia de Sancti Vincencii de Gerez, referida nas Inquirições Afonsinas de 1258, que terá sido habitada desde a Idade Média até inícios da Idade Moderna. Hoje, podemos ver as ruínas de cerca de 40 casas de pedra, os arruamentos lajeados e os restos de escória que testemunham uma antiga atividade metalúrgica. A aldeia está camuflada por um denso carvalhal e rodeada de linhas de água, criando um cenário bucólico e encantador.
Ao chegar à Aldeia Velha do Juriz, irá sentir-se como se tivesse viajado no tempo. As ruínas das casas, construídas com blocos graníticos, alguns toscamente aparelhados, revelam a simplicidade e a rusticidade da arquitetura medieval.

As casas têm planta quadrangular e estão dispostas ao longo dos arruamentos lajeados, que ainda mantêm o seu traçado original. O espaçamento entre as casas é de cerca de 3 ou 4 metros, e algumas conservam pouco mais de um metro de altura. No entanto, é possível imaginar como era o quotidiano dos antigos habitantes desta aldeia.
A Aldeia Velha do Juriz é também conhecida como Sancti Vincencii de Gerez, pois era dedicada a São Vicente. Há vestígios de uma antiga capela dedicada ao santo, que terá sido destruída por um incêndio.
A aldeia terá sido habitada desde a Idade Média até inícios da Idade Moderna, mas não se sabe ao certo quando e por que motivo foi abandonada. Alguns autores sugerem que a peste, as guerras, as migrações ou a crise económica podem ter sido causas possíveis do despovoamento, mas são apenas especulações baseadas em fontes históricas ou arqueológicas limitadas e incompletas.
Um dos aspetos mais interessantes da Aldeia Velha do Juriz é a presença de abundantes restos de escória junto à linha de água que atravessa o povoado. As escórias são subprodutos sólidos resultantes da fusão, refino, tratamento ou moldagem de metais em alta temperatura.

As escórias encontradas na Aldeia Velha do Juriz indicam que ali existia uma atividade metalúrgica, provavelmente relacionada com a extração e o beneficiamento de minérios de ferro ou cobre. Esses minérios eram abundantes na região do Barroso e foram explorados desde a época romana até ao século XX. É possível que a aldeia tenha sido um local de exploração mineira romana, mas isso teria que ser confirmado por futuras investigações arqueológicas.
As escórias são testemunhos da história e da cultura da Aldeia Velha do Juriz e dos seus antigos habitantes, que dominavam técnicas avançadas de metalurgia e que contribuíram para o desenvolvimento económico e social da região.
A visita à Aldeia Velha do Juriz é uma oportunidade única para conhecer um património histórico e cultural singular, que nos permite viajar no tempo e imaginar como era a vida numa aldeia medieval abandonada. Mas não é só isso. A visita à aldeia também é uma forma de desfrutar da natureza e da paisagem envolvente, que proporciona cenários deslumbrantes e variados.
A aldeia está inserida num carvalhal secular, que lhe confere um ambiente mágico e misterioso. Está também rodeada de linhas de água, que lhe dão frescura e vitalidade.
Para chegar à Aldeia Velha do Juriz a partir de Pitões das Júnias, siga o percuros pedestre Trilho da Aldeia Velha do Juriz, que tem início junto ao cemitério da aldeia e tem uma extensão de cerca de 6 km (ida e volta). O trilho é fácil e bem sinalizado, e permite apreciar a paisagem rural e natural da zona. O tempo estimado é de cerca de 2 horas.
A visita à Aldeia Velha do Juriz pode ser complementada com a visita à aldeia de Pitões das Júnias, que é uma das mais típicas e tradicionais aldeias do Barroso. Pitões das Júnias conserva ainda as características da arquitetura rural transmontana, com as casas de granito, os fornos comunitários e os currais.