O Castelo de Santiago do Cacém é um dos mais antigos e belos castelos de Portugal. Situado na cidade homónima, no distrito de Setúbal, destaca-se pela sua arquitetura medieval e pela sua localização privilegiada, com uma vista panorâmica para a planície alentejana e para o mar.
Mas o que torna este castelo ainda mais especial é o fato de possuir um cemitério no seu interior, onde estão sepultadas várias personalidades históricas e culturais da região.
O Castelo de Santiago do Cacém remonta à época da ocupação romana da Península Ibérica, quando existia neste local uma cidade chamada Miróbriga, que integrava a província da Lusitânia.

Esta cidade era um importante centro comercial e religioso, e possuía um templo dedicado ao deus Mirobrigus, que daria origem ao nome da localidade. No entanto, com as invasões bárbaras do século V, a cidade foi abandonada e a população se refugiou numa colina próxima, onde construiu uma fortificação para se proteger dos ataques.
Essa fortificação foi posteriormente ocupada pelos muçulmanos, que a chamaram de Kassen, e que lhe deram uma nova configuração, com muralhas, torres e portas.
No século XII, durante a Reconquista cristã, o castelo foi conquistado pelo rei Afonso Henriques, que o doou à Ordem de Santiago da Espada, uma ordem militar-religiosa que tinha como missão defender os territórios reconquistados dos mouros. Foi nessa época que o castelo passou a ser chamado de Santiago do Cacém, em homenagem ao padroeiro da ordem, o apóstolo Santiago Maior.
Ao longo dos séculos, o Castelo de Santiago do Cacém sofreu várias intervenções e ampliações, adaptando-se às necessidades militares e políticas de cada época. No século XIII, recebeu uma igreja matriz, dedicada a Nossa Senhora do Castelo, que ainda hoje se conserva no seu interior. Esta igreja possui um portal românico-gótico e um retábulo barroco no altar-mor.

No século XIV, o castelo foi reforçado com uma barbacã ameada, que é uma muralha externa que servia para proteger a entrada principal. No século XVII, foi adaptado para receber artilharia, sendo construídas plataformas para canhões nas torres.
O Castelo de Santiago do Cacém teve um papel importante na história de Portugal, sendo palco de vários acontecimentos relevantes. Por exemplo, foi neste castelo que se realizou o casamento entre D. Pedro I e D. Constança Manuel em 1336; foi neste castelo que se refugiou D. Leonor Teles após a revolta popular contra ela em 1383; e foi neste castelo que se hospedou D. João IV durante a Guerra da Restauração em 1641.
O cemitério no castelo
Uma das características mais singulares do Castelo de Santiago do Cacém é o fato de que ele abriga um cemitério no seu interior. Este cemitério foi instalado no final do século XIX, quando o castelo já estava em ruínas e abandonado pela população.
Na época, havia uma lei que proibia os enterros nas igrejas e nos conventos das vilas e cidades, por questões de higiene e saúde pública. Assim, a Junta de Paróquia decidiu aproveitar o espaço vazio do castelo para construir um novo cemitério, que substituiu o antigo cemitério que ficava junto à igreja matriz.
O cemitério do castelo é composto por várias sepulturas, algumas delas com lápides e inscrições, e outras apenas com cruzes de ferro. Entre as personalidades que estão enterradas no cemitério, destacam-se o escritor Manuel da Fonseca, natural de Santiago do Cacém, e o pintor José Dias Coelho, que foi assassinado pela PIDE em 1961, durante a ditadura salazarista.
O cemitério do castelo é um lugar de memória e de homenagem aos que ali repousam, mas também um lugar de surpresa e de encanto para os visitantes que o descobrem.
Como visitar o castelo
O Castelo de Santiago do Cacém está aberto ao público todos os dias, das 8h30 às 16h30, sendo a entrada gratuita. O castelo proporciona uma vista deslumbrante sobre a cidade e sobre a paisagem circundante, podendo-se avistar o mar e a serra.
Possui também um centro interpretativo, onde se pode conhecer mais sobre a sua história e a sua arquitetura, através de painéis informativos, maquetes e objetos arqueológicos. É monumento nacional desde 1910, e integra a Rota dos Castelos e Fortalezas do Alentejo.
O Castelo de Santiago do Cacém é um dos tesouros patrimoniais do Alentejo, que vale a pena conhecer e apreciar. É um lugar que nos transporta para o passado, mas que também nos faz refletir sobre o presente e o futuro. É um lugar que nos surpreende pela sua beleza e pela sua singularidade. É um lugar que nos encanta pela sua magia e pela sua poesia.