Receber uma quantia em dinheiro — seja por um aniversário, casamento, apoio familiar ou simples gesto de generosidade — é sempre bem-vindo.
Mas, a partir de determinados valores, estas doações entram no radar da Autoridade Tributária e podem obrigar ao pagamento de imposto. Conhecer as regras evita surpresas e ajuda a garantir que tudo fica em conformidade.
O que é considerado uma doação em dinheiro
Para efeitos fiscais, uma doação não precisa de ser entregue em notas. Transferências bancárias, cheques ou qualquer outra forma de entrega monetária são tratadas da mesma forma pelas Finanças. Se o valor ultrapassar 500 euros, a lei obriga à declaração dessa doação.
Presentes em dinheiro também entram nesta categoria. Mesmo quando associados a ocasiões festivas — como um casamento ou aniversário — são considerados doações tributáveis se excederem o limite legal.
Já as ofertas em bens materiais, como eletrodomésticos ou automóveis, não são abrangidas por estas regras específicas.
A partir de que valor há imposto a pagar?
Qualquer doação em dinheiro superior a 500 euros deve ser comunicada às Finanças. Quando não existe isenção, aplica-se o Imposto do Selo, fixado em 10%.
Assim, por exemplo, uma doação de 1000 euros implica o pagamento de 100 euros ao Estado. O imposto é suportado por quem recebe e não por quem faz a doação.
As exceções à regra
Existem situações em que a doação é obrigatoriamente declarada, mas está isenta de imposto. A isenção aplica-se a valores doados entre:
- marido e mulher
- pais e filhos
- avós e netos
Os irmãos não entram neste regime especial. Para usufruir da isenção, é necessário indicar o grau de parentesco no formulário.
Como comunicar a doação às Finanças
A declaração deve ser feita até ao final do terceiro mês após a doação, através do formulário próprio disponível no Portal das Finanças ou presencialmente. É também necessário entregar os anexos I-03 e II-02.
O formulário inclui a identificação do doador, os motivos da doação, o enquadramento de eventual isenção e os dados de quem recebeu. Caso existam várias doações por parte de pessoas diferentes, cada uma deve ser declarada separadamente.
O Portal das Finanças disponibiliza instruções detalhadas para o preenchimento de toda a documentação.
Porque é necessário declarar
A comunicação destas operações não pretende apenas fiscalizar. É também uma forma de evitar que um contribuinte seja alvo de uma ação por “manifestações de fortuna”, quando os seus gastos ou movimentos bancários não correspondem aos rendimentos declarados.
Ao informar previamente a AT, reduz-se o risco de ter de justificar mais tarde a origem de um montante significativo.
O que acontece se não declarar
Embora o controlo das doações em dinheiro seja difícil, os mecanismos de cruzamento de dados estão cada vez mais presentes. Depósitos bancários elevados, por exemplo, podem despertar atenção. Os bancos comunicam automaticamente operações superiores a 5000 euros.
Se uma doação acima de 500 euros não for declarada, a coima pode variar entre 150 e 3750 euros. Caso tenha sido apresentada a declaração mas o imposto não tenha sido pago, a penalização pode duplicar o valor em falta.







