O ano de 2026 trará um agravamento no imposto municipal sobre imóveis (IMI), resultado da atualização automática dos valores patrimoniais tributários (VPT). A subida média será de 4,5%, acompanhando a inflação acumulada desde a última revisão trienal.
Embora o aumento seja aplicado de forma mecânica e não resulte de uma decisão direta dos municípios, o impacto será sentido por quem tem habitação própria ou investimentos imobiliários.
Como funciona esta atualização
A portaria publicada em Diário da República confirma a aplicação de fatores de correção monetária aos VPT dos prédios urbanos. Para habitação, o coeficiente fixou-se em 1,045 — um aumento de 4,5%. Já para imóveis destinados a serviços, comércio ou indústria, o fator é de 1,06.
Isto significa que imóveis que não foram avaliados em 2022 ou cuja última revisão ocorreu nesse ano verão o seu VPT aumentar automaticamente. Mesmo que a taxa de IMI definida pelo município se mantenha, a base tributável sobe, o que conduz a um imposto mais elevado.
O impacto direto nos proprietários
Num exemplo simples: um contribuinte que paga atualmente 500 euros de IMI poderá passar a pagar cerca de 522,5 euros em 2026, caso a taxa municipal não seja alterada.
Numa altura em que as famílias já enfrentam custos fixos elevados — energia, crédito à habitação, alimentação — qualquer agravamento adicional tende a pesar no orçamento.
Para além da atualização automática, existe ainda a possibilidade de alguns municípios reverem as taxas para o próximo ano ou ajustarem bonificações. Se isso acontecer em simultâneo, o impacto pode ser superior ao previsto.
Uma transição que cria desigualdades temporárias
A atualização dos VPT cria um período de maior exposição para determinados proprietários. Quem comprou casa recentemente e ainda não entrou no ciclo de revisão poderá não sentir o impacto de imediato.
Já quem tem imóveis cuja última avaliação remonta a 2022 — ou antes — ficará mais vulnerável, uma vez que enfrenta a atualização total logo em 2026.
As câmaras municipais podem, no entanto, mitigar o efeito. Têm margem para definir taxas entre 0,3% e 0,45% no caso dos prédios urbanos, além de poderem aplicar isenções ou reduções associadas a fatores como número de dependentes, eficiência energética ou obras de reabilitação.
O que esperar em 2026 e como se preparar
A subida não resulta de um aumento deliberado das taxas, mas sim de um ajustamento técnico da base patrimonial.
Ainda assim, convém aos proprietários confirmarem em que momento ocorreu a última avaliação do seu imóvel, verificarem o valor atual do VPT e acompanharem as deliberações da câmara municipal.
Perceber o ciclo de avaliação e antecipar o impacto ajuda a evitar surpresas quando chegar a nota de liquidação.
Para quem planeia obras, reabilitação ou melhorias energéticas, 2026 pode até ser uma oportunidade para beneficiar de possíveis reduções municipais.







