A cidade de Silves foi em tempos a capital do Algarve e deixou de o ser quando ocorreu o assoreamento do Rio Arade. Mas não foi este o único momento da História em que Silves teve uma preponderância fundamental na região. No tempo dos Mouros, Silves era um importante centro governativo, mercantil e cultural e estendeu a sua influência por toda a zona sul da Península Ibérica.
São muitos os vestígios islâmicos em Silves e estão muito bem documentados e preservados nos seus museus e centros culturais que são, sem dúvida, dignos de uma visita. Silves possui praias, mais concretamente em Armação de Pêra, mas não é pelas praias que esta cidade se está a tornar cada vez mais famosa e visitada.
Localizada no interior do Algarve, a alguns quilómetros do mar, Silves atrai cada vez mais turistas que procuram um Algarve diferente daquele que é possível visitar nos locais mais massificados pelo turismo. Em Silves, é possível conhecer um Algarve repleto de história, cultura e autenticidade.
Outro pormenor curioso desta cidade é a existência, nas redondezas, de uma rocha de cor avermelhada, o famoso Grés de Silves, rocha essa que foi utilizada na construção do seu castelo que, por isso mesmo, apresenta tons vermelhos que lhe proporciona um aspecto muito peculiar e diferente dos restantes castelos de Portugal. Estes são os melhores locais para visitar em Silves.
1. Castelo de Silves
O Castelo de Silves localiza-se no ponto mais alto da colina sobre a qual assenta a povoação de Silves, no Algarve. Este castelo monumental de cor vermelha foi edificado pelos árabes no século XI e é, na actualidade, um dos castelos mais bem conservados de toda a região do Algarve. O seu interior oferece fantásticas vistas panorâmicas sobre a vila.

O castelo é visitável e pode-se caminhar pelas suas largadas muralhas de pedra de areia.Conta com um profundo fosso e um tanque de coro rosa com 5 metros de profundidade que lembram a ocupação moura, e uma estátua de D. Sancho I em bronze que representa a tomada da primeira fortaleza. Dentro, as quatro abóbodas do tanque descansam sobre dez colunas. Na muralha norte pode ver-se a Porta da Traição, uma via de escape pela qual os traidores deixavam escapar os seus inimigos.
2. Sé de Silves
Silves foi nomeada sede de bispado logo no seguimento da primeira conquista da cidade aos árabes, em 1189, mas a Sé só seria construída a partir de 1268, após a sua conquista definitiva durante o reinado de D. Afonso III. Conservou o título de catedral até ao século XVI, quando a sede da diocese foi transferida para Faro, numa época em que a cidade entrou em decadência devido ao assoreamento do rio Arade e à crescente importância do litoral algarvio. Durante esse período, 26 bispos ocuparam a cadeira episcopal.

É um templo em estilo gótico, muito influenciado pela estética do Mosteiro da Batalha, com alterações e restauros feitos posteriormente, em que se destaca a abside, composta por três capelas, e o pórtico da fachada principal inserido num alfiz (uma moldura que enquadra o conjunto escultórico). A entrada na igreja é feita por um portal lateral do lado Sul, em estilo rococó, construído em finais do século XVIII, que é conhecido por Porta do Sol.
3. Museu Municipal de Arqueologia de Silves
O Museu Arqueológico foi criado em 1990 por iniciativa da Câmara Municipal de Silves. O objectivo era expor os achados arqueológicos encontrados na cidade e na região, nomeadamente no castelo e no núcleo arqueológico do Cerro da Rocha Branca. Foi construído no local de uma casa de habitação do séc. XIX, onde descobriram um reservatório de água que se tornou o centro do museu.

Em óptimo estado de conservação, é uma construção do período almóada (sécs. XII-XIII), em grés de Silves, com cerca de 20 metros de profundidade. É considerado exemplar único em Portugal porque a estrutura do poço é acompanhada por uma escada helicoidal, com três janelas, que facilitava o acesso à água, caso raro na arquitectura árabe. As colecções do Museu estão organizadas em quatro núcleos cronológicos: pré-história, período romano, período muçulmano e período português (até ao séc. XVII). De destacar, estelas funerárias da Idade do Ferro com registos da escrita do Sudoeste Peninsular. É considerada a primeira escrita desta região, ainda indecifrada.
4. Ponte de Silves
Trata-se de ponte que apresenta cinco arcos de volta perfeita, intervalados por imponentes talha-mares que suportam o tabuleiro com guardas laterais e mirante central. É construída com blocos aparelhados de arenito, apresentando actualmente uma extensão de 76 metros por 5,5 metros de largura. A ponte situa-se a sul da cidade, ligando as margens norte e sul do rio Arade, tendo agora apenas função para travessia pedonal.

As fontes históricas, o tipo arquitectónico e as siglas de canteiro existentes nos blocos utilizados na edificação da ponte remetem a sua construção para meados do século XIV, sendo relevante o valor histórico do monumento enquanto via de comunicação para uma das mais antigas e representativas cidades do Sul de Portugal, que data de há pelo menos cinco séculos, acompanhando importantes momentos da evolução histórica e cultural da cidade, com relevância nacional.
5. Mercado Municipal
O actual edifício do Mercado Municipal de Silves é um exemplar arquitectónico do “Estado Novo”. Esta arquitectura, conhecida também como “Português Suave”, é bem visível no telhado do edifício e na esfera armilar junto ao brasão de armas da cidade, evocativo das torres municipais de tradição medievalista.

Para comprar ou simplesmente visitar, neste local respira-se tradição, pelo que regatear preços ou trocar dois dedos de conversa são comportamentos comuns. A visita a este local proporciona a quem por ele passa o que de mais típico existe na região: a base da sua gastronomia e cultura. Para além dos variadíssimos produtos frescos, pode-se, também, aqui encontrar uma grande variedade de pescado, carne ou outras iguarias.
6. Praça Al-Mutamid
E se você está cansado de subir e descer a colina, a Praça Al-Mutamid com as suas árvores e fontes de água é a melhor maneira de terminar o seu dia. Al-Mutamid foi governador de Silves até suceder ao seu pai, al-Mutadid, como rei da Taifa de Sevilha, território que se estendia desde o sul de Portugal até Gibraltar. Nasceu em Beja em 1040, e conhecido como o poeta-rei, devido à sua paixão pela poesia.

Longe do poder pelos almorávidas, uma tribo berbere do norte da África, Al-Mutamid dedicou-se à escrita da poesia nos últimos anos de sua vida, sendo considerado um dos mais brilhantes poetas de al-Andalus. É autor do famoso poema “Evocação de Silves”, em que o rei recorda o tempo passado nesta cidade do Algarve.
7. Capela dos Ossos de Alcantarilha
A Capela dos Ossos de Alcantarilha situa-se anexada no lado sul da Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Conceição do século XVI, no centro histórico da bonita freguesia de Alcantarilha, em plena região Algarvia. A Capela dos Ossos remonta, também, ao século XVI, inserida na mesma linha estilística de outras capelas do género existentes no País, como em Évora, Faro e Lagos.

O seu interior está praticamente todo revestido e ornamentado por mais de 1500 ossadas humanas, com excepção do trabalho de escultura da figura de Cristo Crucificado datada do século XVI. Há quem diga, embora sem qualquer comprovativo fiável, que estas ossadas seriam de frades Jesuítas que pereceram pela região.
8. Casa Museu João de Deus
A Casa-Museu João de Deus, situada na Rua Dr. Francisco Neto Cabrita nº1, inaugurou no dia 25 de Outubro de 1997. A ideia que presidiu à criação desta casa era o de deixar um marco cultural na terra natal do poeta. Tento tido duas casas : onde nasceu e onde viveu a adolescência, optou-se pela segunda hipótese para a realização deste projecto que foi apoiado pela Câmara Municipal de Silves. A recuperação da casa ficou a cargo do Arquitecto Mário Varela.

O espaço recria o ambiente em que João de Deus viveu. Para isso contaram com a colaboração da população local que doou objectos da época e inclusive alguns objectos lhe pertenceram. A Casa-Museu divide-se em duas vertentes : o espaço museológico que recria a casa e que conta com uma exposição permanente e o espaço da biblioteca com sala de leitura e hemeroteca.
9. São Bartolomeu de Messines
A freguesia de São Bartolomeu de Messines estende-se por uma área aproximada de 254 Km2, na zona de beira-serra. São suas vigias naturais, os Cerros da Portela, Gralheira e Penedo-Grande, sua principal referência. O património histórico da vila de S. Bartolomeu de Messines impõe-se através da Igreja Matriz com o seu pórtico barroco de colunas torsas. No interior, formado por três naves, destacam-se as suas colunas, em grés, de estilo salomónico, únicos exemplares algarvios que se conhecem.

Em algumas das artérias da vila, salientam-se, na antroponímia local, figuras como Maria Antonieta Júdice Barbosa, poetisa, José do Espírito Santo Bataghlia, filho primogénito de João de Deus, Comendador da Ordem do Santo Sepulcro e Visconde de Messines, e, Francisco Neto Cabrita, contrastando com os populares topónimos, como a Rua do Norte, Rua do Forno, Rua da Mina, Rua do Rossio, na parte velha da vila. Referencia-se, ainda, o célebre Arco do Remexido pelo qual se chega ao largo da Casa onde nasceu João de Deus. Percorrendo outras ruas, a sul, pode visitar-se a ermida de S. Sebastião, no largo do mesmo nome, e a ermida de Nª Sª da Saúde, já fora do aglomerado populacional, a caminho do Algoz.
10. Armação de Pêra
Tal como outros centros urbanos do litoral algarvio, Armação de Pêra desenvolveu-se a partir de uma pequena comunidade piscatória, cuja primeira referência escrita conhecida remonta a 1577. A existência de uma armação de pesca do atum perto de Pêra, na zona de costa hoje conhecida como baía de Pêra, para além de explicar a origem do nome da Armação de Pêra actual, denota que já em 1577 existiria uma pequena comunidade de pescadores sazonalmente ou permanentemente fixada neste território.

Devido ao aparecimento do turismo no Algarve, surgiu na década de 60 o afamado Casino que foi um dos mais modernos para a época. As actividades que até então eram consideradas a base económica local passaram, pouco a pouco, para lugares secundários e foram as novas que ganharam relevância. Justificando-se o aparecimento de outras actividades, para dar resposta às solicitações por parte dos turistas.
11. Centro de Interpretação do Património Islâmico de Silves
O Centro de Interpretação divide-se em três áreas representativas da influência islâmica nesta região. A primeira área refere-se ao Património de Arquitectura em TERRA. Essa valorização do material terra é ilustrada através da inclusão de estruturas de adobes e belas imagens da actividade de construção em terra crua. Segue-se o elemento ÁGUA, de grande importância para cultura árabe, explorando a sua utilidade em várias vertentes como na irrigação de pomares e hortas. Esta cultura deixou, igualmente, um pouco por todo o concelho, um legado relacionado com a construção de noras, azenhas e cisternas constituídas por engenhosos sistemas de captação e aprovisionamento de águas. A última área é dedicada à POESIA, aqui podemos apreciar alguns dos poemas escritos por Al-Mutamid e Ibn Ammâr, encontrando-se um excerto do célebre poema “Evocação a Silves”, pelo rei poeta Al-Mutamid.
Neste local provavelmente se localizariam os banhos públicos árabes ou “hamman”, normalmente situados perto das mesquitas ou da entrada da Medina, e eram compostos por sala de estar, sala fria, sala tépida, sala quente e fornalha. O Centro de Interpretação do Património Islâmico funciona actualmente como posto de turismo municipal, sendo um excelente local para começar a sua visita pelo centro histórico da cidade. Aqui poderá obter todas as informações necessárias para a sua visita e usufruir do serviço de áudio-guias que lhe indicará o melhor percurso para uma visita completa e interessante pela cidade.
12. Casa da Cultura Islâmica e Mediterrânica
Edifício construído para Matadouro Municipal de Silves, nos finais de 1914, a presente Casa da Cultura Islâmica e Mediterrânica procura transmitir o esplendor da Silves muçulmana. A cidade vê-se assim dotada de um edifício industrial neomudejar, cujo projecto de recuperação é da autoria do Arquitecto José Alberto Alegria.
A Casa da Cultura Islâmica e Mediterrânica é um equipamento, cuja finalidade é a promoção da cultura, particularmente a islâmica e a mediterrânica, influências estas que formam a identidade cultural da cidade de Silves e do seu concelho. Actualmente a Casa da Cultura Islâmica e Mediterrânica promove iniciativas culturais que visem o enriquecimento cultural dos munícipes, tais como conferências, exposições, debates, leitura, lições ou pequenas palestras.