Sabia que a noite de São João é considerada muito boa para adivinhar o futuro? Desde casamentos ao ano agrícola e ao clima, tudo se pode saber nesta altura! Sabia que a noite de São João é considerada mágica desde a Idade Média? Diz-se que as “mouras encantadas” deixam a forma de cobras, com que vivem todo o ano, e vêm à tona da água com figura humana.
Na madrugada de São João vão as mouras estender os seus tesouros à orvalha do campo. Esses tesouros ficam aí encantados sob a forma de figos.
Se alguém passa, os apanha e não os come, transformam-se em verdadeiros tesouros. Se, porém, a pessoa que os apanha os come, reduzem-se logo a carvão.
Em Beja põem-se, numa tábua, 12 montinhos de sal, aos quais se dão os nomes dos meses. Passam depois a tábua pelo fumo de uma fogueira e deixam-na ficar toda a noite ao relento da manhã.
Antes de o sol nascer, correm à tábua para examinarem qual dos montinhos de sal está mais húmido, e é então que sabem quais os meses em que choverá mais, segundo os nomes que lhes deram e a humidade de cada um.
Em Trás-os-Montes, acreditava-se que o costume de as raparigas cortarem as pontas do cabelo e, antes do nascer do Sol, as colocarem sobre uma silva mansa fazia com que as pontas não voltassem a espigar.
Por todo o País, criaram-se estas lendas em volta da noite de São João. Em Lisboa diz-se que se na noite de São João a rapariga põe a mesa com dois pratos, talheres e comida e à meia-noite começa a comer, no lugar vazio surge-lhe a figura do futuro noivo.
No Algarve, segundo a tradição local, enquanto as raparigas dançavam em redor de um mastro enfeitado com madressilva e flores de São João, os rapazes saltavam a fogueira, o que os tornava homens adultos e protegia as crianças das doenças.As mães passavam por cima das chamas (sem queimar, claro) as crianças doentes ou fracas, e para todos era bom dizer quando saltavam a fogueira:
“Fogo no sargaço,
saúde no meu braço.
Fogo no rosmaninho,
saúde no meu peitinho.”
Tradições de São João no Porto
Ao longo dos anos, o dia de São João integrou diferentes tradições. Dada a longevidade do evento, a integração dessas tradições foi gradual. Contudo, a verdade, é que hoje em dia é difícil imaginar a festa de São João sem algumas delas.
Os alhos-porros e os ramos de cidreira (e de limonete) eram/são usados, tendo em conta a origem pagã desta festa. Os alhos-porros eram um símbolo fálico da fertilidade masculina, usados pelos homens para acertar nas cabeças dos indivíduos que passassem. Já as mulheres recorriam aos ramos de cidreira e de limonete, símbolo dos pelos púbicos femininos.
Os martelos de plástico surgiram como uma “substituição” do alho-porro e servem para bater nas cabeças das pessoas. Curiosamente, ou talvez não, é um objecto de forma fálica. Os martelos são bastante coloridos e fazem um barulho estridente quando se bate com eles, para além de muitos deles possuírem um assobio na extremidade. Ou seja, celebrar é também sinónimo de fazer barulho.
Para além destas tradições, podemos ainda destacar o lançamento dos balões de ar quente que enchiam os céus de luzes em noite de São João. Esta tradição está inserida numa prática de culto pagão ao sol e à luz. Este culto incluía, também, a realização de grandes fogueiras em espaços abertos (como forma de celebrar o solstício de verão de acordo com a antiga tradição pagã, recorrendo ao fogo, um dos elementos mais importantes da natureza).
Ao longo da história, foram incluídas outras formas de prestar este culto, caso do fogo-de-artifício. Recentemente, as autoridades introduziram limitações à venda de balões, de modo a evitar incêndios. A tradição de lançar balões foi proibida, já que a queda de balões chegou mesmo a causar alguns pequenos incêndios.
Outra tradição desta época é a dos vasos de manjericos com uma pequena bandeira espetada que contém versos populares.
As cascatas sanjoaninas também representam uma tradição desta época. São uma espécie de presépio animado onde estão presentes diversas pequenas esculturas que ilustram as diferentes artes, ofícios e arquitectura da cidade. Esta é outra forma de prestar homenagem a São João.
Por último, resta mencionar o ex-libris da noite de São João, o fogo-de-artifício que se pretende que comece por volta da meia-noite e tem uma duração de cerca de 15 minutos. Ocorre por cima do belo rio Douro e integra uma paisagem onde a ponte Luís I detém grande protagonismo.
As margens da cidade de Gaia e do Porto, divididas pelo rio repleto de barcos, criam um cenário absolutamente memorável. Ao longo do dia e da noite, são vários os concertos e a música que se espalham pela cidade.