Os tamagani ou os tamaganos (em latim, Tamagani) eram uma tribo ibérica pré-romana que vivia nas margens do rio Tâmega, na área da actual região de Chaves, na antiga província romana de Gallaecia. A principal cidade deste povo era Chaves mas também habitavam localidades vizinhas, numa área que iria desde Verin, na actual Galiza, até Vila Pouca de Aguiar e, provavelmente, incluiria também as zonas de Boticas e Valpaços.

Esta tribo não é mencionada pelas fontes clássicas – Plínio o Velho, Estrabão, etc. – mas são conhecidas por várias inscrições epigráficas. Entre estas fontes, vale a pena mencionar o Padrão dos Povos, uma coluna que comemora a construção da ponte Romana, sobre o rio Tâmega, em Chaves Neste padrão são citadas dez cidades (ou civitas), entre as quais estão os tamaganos. Outra epígrafe, do castro de Cabanca, em Castrelo do Val, cita um Tamagano (pessoa que pertencia à tribo dos Tamagani) chamado Lucius Casius Caenus e que seria soldado de um batalhão formado principalmente pelo povo dos Gigurros (tribo que habitava em Ourense, a norte de Chaves).

O prefixo “tam” (de Tamagani), era muito comum em certas zonas da antiga Gallaecia e até de outras localidades da Europa. Como exemplos, existem na Galiza os rios Tambre, Tamuxe e Támoga. Na Inglaterra, encontramos o rio Tamisa. A raiz linguística deste prefixo (tam) é de origem Indo-Europeia e significa “escuro” ou “profundo”. Aliás, o prefixo ainda é usado com o mesmo significado nas línguas eslavas. Tma em Checo significa “escuro”. Na língua Russa, temnota significa também “escuro” e temnéti significa escurecer.

A presença dos Tamagani na zona de Chaves e de Verin é ainda certificada pelo uso de alguns nomes de localidades, especialmente na Galiza, como Tamagos e Tamaguelos (sendo esta última resultante do uso do diminutivo latino ellos).

O Padrão dos Povos da Ponte Romana de Chaves é sem dúvida o mais completo documento sobre a existência desta tribo. Trata-se de uma coluna (“padrão”) com inscrições romanas, descoberta a 27 de Agosto de 1980 no leito do rio Tâmega, junto à ponte romana de Chaves. Constitui-se em uma epígrafe comemorativa aos imperadores Vespasiano e Tito, e a outras autoridades provinciais romanas, e é dedicada, sem se mencionar o motivo, por dez “civitates” ou povos do convento bracarense, na Galécia.

Na supradita ponte encontram-se ainda dois padrões que identificam os aquiflavienses como responsáveis pela edificação da ponte, nos começos do século II, no tempo do imperador Trajano. Actualmente, acreditam-se ambos os padrões serem reproduções. Esta é a legenda inscrita no Padrão dos Povos:
“Sendo Imperador César Vespasiano Augusto, Pontífice Máximo, com poder tribunício por décima vez, Imperador vigésimo, pai da pátria, cônsul por nona vez; também ao imperador (Tito) Vespasiano César, filho do Augusto, Pontífice, com poder tribunício por oitava vez, Imperador décimo quarto, cônsul por sexta (…) sendo Caio Calpetano Râncio Quirinal Valério Festo, legado propretor do Augusto e sendo Legado de Augusto, Décio Cornélio Meciano e Lúcio Arrúncio Maximo, procurador do Augusto. A Legião VII Gemina Felix e dez cidades: os Aquaflavienses, os Aobrigens, os Bíbalos, os Coelernos, os Equesos, os Interâmicos, os Límicos, os Ebisócios, os Quaquernos e os Tamaganos (…).”

Existem diversas interpretações sobre a intenção desta estela e da inclusão da lista de povos nela; uma teoria é a de ser erigida em agradecimento à concessão do Ius Latii a tais povos. Porém, outros acreditam que os povos inclusos, pertencentes ao Conventus de Braga, colaboraram no erguimento da ponte sobre o rio Tâmega, na cidade de Aquae Flaviae (Chaves).

Em qualquer caso, constitui uma homenagem aos imperadores Vespasiano e Tito e as outras autoridades provinciais romanas; a homenagem também se faz extensível à Legião VII. Alguns dos dez povos citados na epígrafe são apenas conhecidos graças a este documento, como são os Aobrigens e os Aebisoci (que às vezes se indicam como Naebisoci); outros, embora fossem conhecidos por outras fontes, o Padrão dos povos ajuda para uma melhor identificação dos mesmos por quanto testemunha que todos eles são próximos a Chaves.