5. Cerdeira
A Cerdeira recebe-nos dizendo que ali mora a tranquilidade. Convida a entrar, a atravessar um portal mágico, uma pequena ponte que nos faz duvidar se é de madeira ou de sonhos, levando-nos até à fonte, onde matamos a sede e despertamos sentidos. Entramos e recebemos uma lição em arquitectura que deslumbra. As pequenas casas, feitas de xisto e madeiras da Serra, parecem ter escolhido os locais mais difíceis e recompensadores para nascer, decoradas pela flora que as abraça e conforta. As suas ruas, estreitas, constroem jogos de luz e de sombra, escondendo segredos em cada recanto. Aqui o vento não sopra, canta, guiando-nos pelos seus versos. Somos confortados em cheiros e aromas, que sempre estiveram lá.

Aqui juntam-se as Artes, as da construção da Aldeia e as que vivem no quotidiano da Cerdeira, transformando-a num local de criação artística permanente de elementos à solta. Integrada na Rede das Aldeias do Xisto, soube reinventar-se, sem perder a genuinidade. Percorrer esta aldeia, protegida pela Rede Natura 2000, é um exercício físico e sensorial. A cada passo há um recanto, um beco, um elemento que não se sabe se ali foi colocado pelo Homem ou pela Natureza. Não há dissonâncias. Há o som da tranquilidade, da autenticidade.
6. Chiqueiro
Rasgando o silêncio, são as campainhas dos rebanhos que embalam a Aldeia do Chiqueiro, que integra da Rede das Aldeias do Xisto e é protegida pela Rede Natura 2000. Construída em xisto, resgatado da Serra da Lousã, deve o seu nome à actividade predominante da Aldeia, que cruzou os tempos, a pastorícia. Fonte de riqueza, esta ligação à fauna endógena, com rebanhos de cabras e a presença de veados, corços e javalis, é um recordar constante da ligação do Homem à Natureza, tão bem ilustrada nas vivências e tradições do Chiqueiro.

Com uma vista privilegiada para a vila da Lousã, a Aldeia é de uma simplicidade contagiante, dispondo as suas casas, currais e palheiros por duas ingremes ruas, que se seguram nas encostas da Serra, envolvidas por uma vegetação luxuriante. Atravessada por vários caminhos pedestres, mantém o aspecto humilde e simpático, traço comum às suas gentes. Visitar o Chiqueiro, implica ficar sempre um pouco mais, tal é a atracção que os seus traços e história têm sobre nós. Com o rosto praticamente inalterado, a sua autenticidade marca quem a visita, pedindo sempre um novo encontro. Quem visita o Chiqueiro nunca diz adeus, diz antes, até outro dia.
7. Casal Novo
Verdadeiro tesouro escondido, a Aldeia do Casal Novo tem o seu refúgio nas encostas da Serra da Lousã, deslizando montanha abaixo, quase como procurando o seu caminho até ao Santuário da Nossa Sra da Piedade. A sua genuinidade é um dos motivos pelos quais integra a Rede das Aldeias do Xisto, a que se juntam a singelidade e autenticidade das suas vivências, costumes e tradições. Com uma rua principal, rasgada por pequenas transversais, a sua dimensão é contrastante com a beleza da arquitectura, que nos apaixona em cada pormenor. De grande harmonia visual, tem nas suas eiras espaços de elevado valor histórico e patrimonial.

Outrora usadas como locais de trabalho agrícola comunitário, contam-nos histórias de quando ao trabalho se juntava a alegria da convivência, em que as cantilenas acompanhavam a lavoura e o suor andava de mão dada com um sorriso e um cumprimento amigo. Protegida pela Rede Natura 2000, com uma vasta riqueza e diversidade de fauna e flora, a Aldeia do Casal Novo é mais do que um miradouro para a Lousã e o seu Castelo, é um portal único para observar vidas de outrora, imortalizadas nas suas pedras de xisto.
8. Cabril do Ceira
Local de inegável beleza, as suas águas cristalinas fazem concorrência ao espectacular efeito de estreitamento que o canhão quartzítico provoca. Relativamente inexplorado, Cabril do Ceira é um dos pontos de interesse da Freguesia de Serpins, mas cujos acessos em terra batida levam a que apenas os mais conhecedores o visitem com frequência. Uma vez lá, o regresso torna-se obrigatório! O acesso àquele que é um dos mais belos e interessantes locais do percurso do rio Ceira, faz-se pela estrada que liga Serpins (Lousã) a Vila Nova do Ceira (Góis).

Depois de passar Serpins e deixar para trás a sua bonita ponte medieval, anda-se pouco mais de um quilómetro e atravessa-se uma outra ponte. Logo a seguir, vira-se na 2ª estrada de terra à direita e cerca de um quilómetro depois surge este magnífico desfiladeiro, rasgado pelas águas do rio Ceira, com cerca de 100 metros de altura. Além de se poder dar um belo mergulho nas águas cristalinas do rio, também se pode ver o início de um túnel inacabado que pretendia fazer a ligação de comboio entre Serpins e Arganil.