Outrora conhecida como São Martinho de Moázeres e como Arrifana de Sousa, Penafiel é uma cidade antiga, tendo sido comenda da Ordem de Cristo que auxiliou algum do seu desenvolvimento na época medieval. Ainda hoje toda a região de Penafiel mantém um aspecto graciosamente rural, pese embora todo o desenvolvimento industrial e progresso que a região tem manifestado.
A arquitectura tradicional elaborada com os materiais da região, granito e xisto, foi em muitos locais devidamente conservada. Penafiel orgulha-se do seu rico património, albergando importantes Monumentos, tais como a renascentista Igreja Matriz, ou Igreja de São Martinho, que acolhe a capela-mor gótica da anterior Igreja consagrada ao Espírito Santo, onde em 1540 foi estabelecida a confraria do Santíssimo Sacramento.
Pela região encontram-se diversos Palacetes e Casas Senhoriais, bem como belas Quintas, que espelham o poder económico que Penafiel tem conseguido ao longo dos séculos, como são exemplo os Palácios do Barão do Calvário ou as Casas da Aveleda. Estes são os melhores locais para visitar em Penafiel.
1. Quintandona
A aldeia de Quintandona, integrada na freguesia de Lagares, concelho de Penafiel, apresenta grandes potencialidades de desenvolvimento turístico, já que se trata de uma aldeia típica preservada, com uma beleza e arquitectura singulares, situada próximo dos grandes centros urbanos. Na verdade, Quintandona, com as suas construções em pedra de lousa e de xisto, e a paisagem agrícola e florestal que a envolve, quando “descobertas” pelas gentes urbanas das proximidades, conduzirão a uma grande procura turística.

Como se disse, as casas são todas em xisto, tal como o solo, o que se constitui um elemento diferenciador, pois no concelho de Penafiel a rocha mais abundante é o granito. Na aldeia existe ainda uma capela com mais de 200 anos e uma associação – Os ComoDEantes – que aprofundou aqui as suas raízes, dinamizando o teatro. Quanto à paisagem rural de Quintandona, ela evidencia que as populações locais vivem da agricultura, sendo de destacar o caminho que vai desde a aldeia até ao Monte da Pegadinha, um miradouro natural de toda a zona.
2. Quinta da Aveleda
Basta um breve passeio pela Quinta da Aveleda para perceber que aqui a qualidade e perfeição são algo de natural… algo que está presente nos mais pequenos detalhes da sua história e que a família Guedes procura aplicar em tudo o que faz há mais de 300 anos. Além do seu importante património arquitectónico, a Quinta da Aveleda é também conhecida pelos seus parques e jardins, onde florescem raras espécies de árvores, algumas das quais centenárias, como o cedro japonês, o cipreste dos pântanos ou a sequóia americana.

Ex-libris da região do Alto-Minho, é uma grandiosa construção em estilo neo-clássico, dos princípios do século XIX. É um conjunto de velhos documentos do século XVII fornecem a chave da sua história. A Quinta da Aveleda é uma empresa familiar que há mais de três séculos é dirigida e orientada por gerações da mesma família, cujo talento foi desde sempre devotado a produzir vinhos com a qualidade que se lhes reconhece e cuja fama desde há muito ultrapassou as nossas fronteiras. Preservando até hoje o seu cariz familiar, a Quinta da Aveleda evoluiu ao longo dos tempos combinando dedicação, tradição e inovação.
3. Castro de Monte Mozinho
Situado em Oldrões, no concelho de Penafiel, na região Norte do País, o Castro de Monte Mozinho, também conhecido por Cidade Morta de Penafiel, é um dos grandes tesouros arqueológicos do País. Localizado num outeiro destacado de suave declive, sobranceiro à ribeira de Camba, afluente do rio Sousa, constituiu um importante ponto estratégico de defesa e observação do território. As escavações arqueológicas e estudo deste importante património têm-se sucedido desde a década de 1930, existindo igualmente um recente projecto museológico de preservação, dinamização e divulgação do espaço.

Os estudos têm demonstrado que este terá sido um povoado castrejo de época romana, fundado no século I d.C. mas com uma ampla cronologia de ocupação, chegando mesmo a atingir o século V. O castro seria fortificado com três linhas de muralhas e uma área habitada de cerca de 22 hectares, tendo sofrido várias reformulações, observáveis nos diversificados tipos de construção. No Museu Municipal encontram-se actualmente duas estátuas de guerreiros galaicos que estariam na entrada na muralha do século I. Na área urbana exterior à primeira muralha apresenta-se um ‘podium’ de um pequeno templo, na rua principal, e já fora do espaço urbano, destaca-se uma necrópole.
4. Museu da Broa
Na Capela, freguesia do concelho de Penafiel, inserido numa paisagem rural deslumbrante, encontramos o Museu da Broa. Composto por seis moinhos recuperados e funcionais, o visitante é transportado até ao tempo em que estes constituíam um importante factor de sobrevivência. As mós trabalhavam noite e dia sem parar, produzindo a farinha que dava o sustento aos nossos antepassados: a broa. Em contacto puro com a natureza, enquanto aprecia o verde da paisagem, o património recuperado, a melodia da água por entre as pedras, o visitante poderá observar o Ciclo Tradicional da Broa em dez painéis, distribuídos pelos moinhos.

Neles estão representadas as etapas que trazem a broa à nossa mesa: o trabalho árduo no campo, a alegria na eira, o movimento da moagem, a recompensa pelo esforço de preparação da fornada de broa. Os moinhos voltam a ganhar vida e o percurso deste ciclo traz-nos lembranças de um tempo que vale a pena (re)viver. O Museu da Broa constitui um espaço cultural, pedagógico, patrimonial e de lazer preservado para memória da nossa história colectiva.
5. Museu Municipal de Penafiel
O Museu Municipal de Penafiel, situado em pleno centro histórico e comercial da cidade é num dos edifícios mais emblemáticos para a comunidade penafidelense. Dependente da Câmara Municipal de Penafiel, o Museu, é, há mais de cinquenta anos, uma estrutura permanente, alicerce da política de planificação e gestão dos recursos culturais do município, com uma intervenção activa na preservação e promoção de valores significantes do património móvel, imóvel e imaterial. Constituído desde 1948, junto da Biblioteca, no palacete do Barão do Calvário, ficou a dever-se à persistência de Abílio Miranda, seu primeiro director.

Actualmente instalado no palacete Pereira do Lago, na Rua do Paço, edifício recuperado pelos arquitectos Fernando Távora e Bernardo Távora. O Museu Municipal beneficia agora de uma ampla área de exposição e serviços que permite acolher visitantes e utentes com qualidade. O visitante poderá desfrutar neste espaço museológico das cinco salas temáticas da Exposição Permanente dedicadas à Identidade, ao Território, à Arqueologia, aos Ofícios e à Terra e Água, onde se privilegiou um discurso expositivo claro e moderno, apoiado em diferentes níveis de informação destinados a diversos públicos, e com recurso a numerosos e inovadores suportes multimédia, onde a interacção, a pedagogia e o divertimento são a linha de força.
6. Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa
O Mosteiro de Paço de Sousa foi fundado no século X por Trutesendo Galindes e sua mulher Anímia. Ligado à família dos Ribadouros, foi um importante mosteiro beneditino. A Igreja, edificada no século XIII no mesmo local do templo anterior [século XII], apresenta uma decoração muito própria. Utiliza ornamentação vegetalista talhada a bisel e desenvolve longos frisos no interior e no exterior da Igreja, à maneira da arquitetura visigótica e moçárabe [séculos V-VIII].

Terá sido em Paço de Sousa que nasceu uma corrente com base na tradição pré-românica e influenciada por temas oriundos do românico de Coimbra e da Sé do Porto, dando origem ao que se designa de “românico nacionalizado”. No interior da Igreja encontra-se o túmulo de Egas Moniz de Ribadouro, aio do rei D. Afonso Henriques, o qual resulta da junção de duas arcas tumulares: uma dos finais do século XII e outra do século XIII. A capela-mor, a sacristia, o claustro e o que resta do edifício monástico datam dos séculos XVII e XVIII.
7. Cabroelo
A aldeia de Cabroelo é um excelente exemplo de uma aldeia preservada. Este pequeno núcleo rural com construções de granito está à sua espera, envolto numa paisagem deslumbrante, onde os moinhos, azenhas e as fachadas de traça original foram totalmente recuperados e pedem para ser visitados. Na aldeia, as construções são na sua maioria em granito, as eiras em xisto e os pequenos espigueiros em madeira.

Integrada na rede “Aldeias de Portugal”, Cabroelo oferece ainda ao visitante ruelas rústicas de grande beleza, que o levam por exemplo à Capela de S. Mateus, construção que data do ano de 1872. A população de Cabroelo dedica-se fundamentalmente à agricultura e toda a paisagem envolvente pode ser apreciada ao longo do caminho pedestre que liga o Museu da Broa ao Parque de Lazer da Capela.
8. Igreja de São Miguel de Entre-os-Rios
A Igreja de São Miguel de Entre-os-Rios situa-se num importante território do período da Reconquista Cristã, a “civitas de Anégia”. A “Anégia” enquadra-se na reorganização político-militar conduzida pelo rei Alfonso III das Astúrias com o objectivo de criar condições de segurança para a fixação da população no vale do Douro, no século IX. A primeira referência à Igreja de São Miguel remonta ao final do século XI, correspondendo o actual templo a uma reforma ocorrida no século XIV.

É um exemplar que combina soluções construtivas próprias do estilo românico com elementos do estilo gótico, nomeadamente a decoração vegetalista do arco cruzeiro e do portal norte. Este portal recebeu uma decoração mais requintada do que o portal principal, apresentando uma arquivolta decorada com motivos em ponta de diamante e folhas talhadas a bisel, semelhante ao arco cruzeiro do interior da Igreja. A capela principal, da Época Medieval, foi alongada e alteada no século XVIII, recebendo também, neste período, um retábulo barroco de estilo nacional ornamentado com emblemas Marianos.
9. Igreja de São Gens de Boelhe
A Igreja de São Gens de Boelhe, edificada entre os meados e o final do século XIII, constitui um dos mais belos exemplares da arte românica do Tâmega e Sousa. As paredes desta Igreja destacam-se pela sua qualidade construtiva, sendo visível um conjunto de siglas geométricas e alfabéticas, que representarão a assinatura do canteiro [pedreiro]. O portal principal apresenta semelhanças com os portais das Igrejas de São Vicente de Sousa, do Salvador de Unhão e de Santa Maria de Airães, localizadas em Felgueiras.

Os capitéis do portal, com palmetas executadas a bisel, e os círculos preenchidos com cruzes, fazem lembrar os primeiros símbolos cristãos. Na fachada norte, os cachorros apresentam uma assinalável variedade de temas, que vão desde cabeças de touro a homens que transportam pedra. A tradição atribui a fundação da Igreja de Boelhe ora à filha de D. Sancho I, D. Mafalda, ora à sua avó, a rainha D. Mafalda, mulher de D. Afonso Henriques. Esta Igreja, tal como hoje se encontra, é o resultado de um profundo restauro, que decorreu entre 1929 e 1948.
10. Igreja do Salvador de Cabeça Santa
A Igreja de Cabeça Santa data da primeira metade do século XIII e constitui um excelente documento para a compreensão da arquitectura românica portuguesa. A constante deslocação de artistas [canteiros, escultores, carpinteiros] durante a Época Medieval promoveu a repetição de modelos construtivos e ornamentais em diversos territórios. Os portais e a escultura dos capitéis de Cabeça Santa são muito semelhantes aos da Igreja de São Martinho de Cedofeita, no Porto, que, por sua vez, possui uma decoração muito próxima à da construção românica da Sé portuense e à do românico da região de Coimbra.

O portal principal apresenta um tímpano com cabeças de bovídeos destinadas a proteger, simbolicamente, a entrada da Igreja. Pela sua originalidade, destaca-se a representação de um saltimbanco [acrobata] no portal sul. O conjunto artístico da Capela de Nossa Senhora do Rosário, da Época Moderna [séculos XVII-XVIII], merece especial atenção. No exterior da Igreja permanecem ainda três sepulturas escavadas na rocha e três túmulos medievais.
11. Igreja de São Pedro de Abragão
A Igreja de São Pedro de Abragão conserva apenas, do estilo românico, a capela-mor. Em 1105 estava já documentada a existência de “Sancto Petro de Auregam”. A Igreja, do século XIII, é atribuída à iniciativa de D. Mafalda, filha do rei D. Sancho I e neta de D. Afonso Henriques. O exterior remete para o românico do Mosteiro de Paço de Sousa devido ao seu friso, de influências visigóticas e moçárabes [séculos VI-VIII]. No interior, os elementos que compõem o arco cruzeiro possuem afinidades com a arte românica do Baixo Tâmega, designadamente com o portal principal do Mosteiro de Travanca, em Amarante.

Os achados arqueológicos, de 2006, permitiram concluir que o desaparecido portal principal de Abragão seria muito semelhante ao da Igreja de São Gens de Boelhe. A fachada principal e a nave correspondem a uma reedificação da segunda metade do século XVII. Do mesmo período é o retábulo maneirista com pinturas de Santo André, Santa Maria Madalena, São Tiago e Santa Marta.
12. Memorial da Ermida
O Memorial da Ermida é um monumento de notável interesse. Corresponde a uma tipologia de que restam unicamente seis exemplares em todo o território nacional. A função deste tipo de monumentos, embora não esteja ainda totalmente esclarecida, deverá relacionar-se tanto com a colocação de túmulos, como com a evocação da memória de alguém, como ainda com a passagem de cortejos fúnebres. Estão habitualmente situados em caminhos ou cruzamento de vias. As características do Memorial da Ermida sugerem que terá sido construído em meados do século XIII.

Os Memoriais da Ermida [Penafiel], Sobrado [Castelo de Paiva], Santo António [Arouca], Alpendorada [Marco de Canaveses] e Lordelo [já desaparecido, em Baião] estão, segundo a lenda, relacionados com D. Mafalda, filha de D. Sancho I e neta de D. Afonso Henriques. São tradicionalmente referidos como pontos de paragem no traslado do seu corpo de Rio Tinto para o Mosteiro de Arouca, ou como locais de homenagem à sua vida e obra.
Locais muito interessantes, a visitar, sem dúvida. Joaquim Cruz