No dia 1 de Novembro de 1755, Lisboa sofria as nefastas consequências daquele que entrou para a história como um dos 10 maiores terremotos de sempre, tanto em termos de magnitude como em termos de vítimas causadas. Quando se fala em maiores sismos de sempre, convém sempre fazer 2 listas diferentes: a lista dos mais intensos e a lista dos mais mortíferos. Nem sempre um sismo muito intenso é o mais mortífero.
Regra geral, o sismo é mais mortífero quando ocorre em zonas densamente habitadas e onde existem construções mal preparadas para um acontecimento destas características.
Lista 1: Os sismos mais intensos de sempre
1. Valdivia, Chile – 22 de Maio de 1960
Conhecido também como o Grande Sismo do Chile, o terramoto de Valdivia figura em primeiro lugar da lista dos mais violentos já registados. Passava pouco das 15h de um domingo quando a terra começou a tremer com uma intensidade brutal, que atingiu 9,5 pontos na escala de Richter (máximo é de 10). Seguiu-se um maremoto com ondas até 25 metros que, para além da costa do Chile atingiram também Havai, Japão, Filipinas, Nova Zelândia, Austrália e as Ilhas Aleutas. Entre duas a seis mil pessoas perderam a vida.
2. Sumatra, Indonésia – 26 de Dezembro de 2004
Nunca será esquecido também o sismo que na manhã a seguir ao Natal de 2004 causou um maremoto devastador que roubou a vida a 220 mil pessoas, na Indonésia e 14 países vizinhos. Mas as vítimas são de muitas mais nacionalidades, porque cerca de três mil eram turistas. O sismo atingiu 9,2 de magnitude e é um dos mais mortais desastres naturais de sempre da História.
3. Alasca, EUA – 27 de Março de 1964
A sexta-feira santa de 1964 teve um final de dia trágico no Alasca, com um sismo de 9,2 na escala de Richter e ondas subsequentes de 67 metros a devastarem o mais despovoado estado norte-americano. Morreram 128 pessoas, registaram-se inúmeros deslizes de terra e partes de ilhas distantes elevaram-se em 11 metros.
4. Costa de Honshu, Japão – 11 de Março de 2011
Há pouco mais de quatro anos, a 11 de Março de 2011 o Japão conheceu um dos piores sismos da sua história. Cerca de 19 mil pessoas morreram no terramoto de magnitude 9, seguido de um tsunami que arrasou a região de Tohoku. O desastre natural provocou ainda um acidente nuclear na central de Fukushima, que obrigou à criação de uma zona de isolamento de 20 quilómetros e obrigando centenas de milhares de residentes a abandonarem as suas casas. Mais de 15 mil pessoas morreram e cerca de 130 mil edifícios colapsaram integralmente.
5. Kamchatka, ex-União Soviética – 4 de Novembro 1952
O sismo da península russa de Kamchatka registou 9 pontos de magnitude na escala de Richter, mas foram as ilhas do Havai as mais danificadas no tsunami que se seguiu. Não se registaram vítimas humanas e quanto a desaparecidos há apenas o registo de… seis vacas, dadas como perdidas por um agricultor havaiano de Oahu.
6. Arica, Chile – 13 de Agosto 1868
Numa noite de quinta-feira, a cidade de Arica, na altura ainda pertencente ao Peru, registou um sismo de magnitude estimada entre os 8,5 e os 9 pontos na escala de Richter. Múltiplos maremotos sucedâneos no Oceano Pacífico atingiram as costas do Havai, Japão, Austrália e Nova Zelândia e mais de 25 mil pessoas morreram.
7. Maule, Chile – 27 de Fevereiro de 2010
Há pouco mais de cinco anos, corria a madrugada do dia 27 de Fevereiro e o Chile voltava a ser vítima de um sismo com a magnitude de 8,8, seguido de um maremoto que arrasou várias cidades costeiras do país e ainda atingiu o Japão e a costa californiana. De acordo com fontes oficiais, 525 pessoas perderam a vida. Durante vários dias a população ficou sem electricidade, tendo sido declarado o “estado de catástrofe”, com tropas chilenas a auxiliarem milhares de cidadãos que tudo perderam.
8. Equador e Colômbia – 31 de Janeiro de 1906
No início do século passado, um sismo de magnitude 8,8 na escala de Richter arrasou a fronteira entre o Equador e a Colômbia. O terramoto foi seguido por um maremoto que tirou a vida a pelo menos 500 pessoas na costa colombiana.
9. Lisboa, Portugal – 1 de Novembro de 1755
O Grande Terramoto de Lisboa figura na lista dos mais destrutivos. Com uma magnitude de 8,7 na escala de Richter, o desastre natural causou uma destruição quase total da capital portuguesa e a morte a um número entre 70 mil e 90 mil pessoas. O sismo foi sentido no norte de África, em França e no norte de Itália. Seguiu-se de um maremoto devastador e um grande número de incêndios espalhados pela cidade. O terramoto ocorrido na manhã do Dia de Todos os Santos foi inspiração para grandes autores e filósofos do iluminismo.
10. Assam – Tibete – 15 de Agosto de 1950
Com uma magnitude de 8,6 pontos, o sismo provocou a morte a mais de 1500 pessoas do estado indiano de Assam e da região asiática de Tibete, onde cerca de 70 aldeias desapareceram por completo. Oito dias depois do sismo, o rio de Subansiri transbordou e deu origem a uma queda de água de sete metros para cima das aldeias vizinhas.
Lista 2: Os sismos mais mortíferos de sempre
1. Shensi, China, 1556 – 830 mil mortos
Na região central da China, a terra tremeu em 23 de Janeiro de 1556 para produzir o pior desastre natural de que se tem notícia. O terremoto atingiu oito províncias e arrebentou 98 cidades e algumas delas perderam 60% da população. A maior parte das pessoas morreu soterrada na queda de casas mal construídas.
2. Calcutá, Índia, 1737 – 300 mil mortos
Relatos de época indicam que essa catástrofe de 11 de Outubro de 1737 tenha sido um terremoto. Mas, como na época não existiam registos 100% confiáveis, alguns especialistas levantam a hipótese de que o estrago foi causado por um ciclone. Além dos mortos, o cataclismo deixou 20 mil barcos à deriva na costa.
3. Tangshan, China, 1976 – 250 mil mortos
O tremor de 27 de Julho de 1976 sacudiu o nordeste da China. A cidade toda dormia quando o chão mexeu, fazendo cerca de 800 mil feridos. Até hoje, especialistas suspeitam que o número de mortos possa ser muito maior que o divulgado pelo governo. Estima-se que o total de vítimas possa ter chegado a 650 mil.
4. Kansu, China, 1920 – 200 mil mortos
Esta região situada no centro-norte do país não sentia um tremor havia 280 anos, mas esse de 16 de Dezembro de 1920 botou para quebrar: atingiu uma área de 67 mil km2, arrasando dez cidades. A série de ondulações deformou a área rural e prejudicou uma das principais actividades económicas da região, a agricultura.
5. Kwanto, Japão, 1923 – 143 mil mortos
O terremoto de 1 de Setembro de 1923 atingiu as principais cidades do Japão. Só em Tóquio e Yokohama, mais de 60 mil pessoas morreram nos incêndios causados pelo abalo. Logo depois desse terremoto, a profundidade da baía de Sagami, no sul de Tóquio, aumentou mais de 250 metros em alguns pontos.
6. Messina, Itália, 1908 – 120 mil mortos
Em 28 de Dezembro de 1908, o sul da Itália sofreu com um grande terremoto que devastou as regiões da Sicília e da Calábria. Para complicar ainda mais as coisas, o tremor foi seguido por tsunamis de até 12 metros de altura. A sequência de enormes paredes de água quebrou na costa do país e amplificou os estragos.
7. Chihli, China, 1290 – 100 mil mortos
Quase não há registos sobre este sismo de 27 de Setembro de 1290 – apenas a certeza de que ele foi um dos mais mortais da história. A província de Chihli, que teve seu nome mudado para Hopei em 1928, inclui a cidade de Tangshan e é famosa pelos terremotos, que já teriam vitimado mais de 1 milhão de pessoas.
8. Shemakha, Azerbaijão, 1667 – 80 mil mortos
Por estar situada em cima de uma zona sujeita a abalos, essa cidade foi destruída por vários terremotos. O primeiro e mais mortal foi esse de Novembro de 1667. Depois do susto, a tranquilidade não durou muito: registos da época indicam que a terra voltou a tremer por lá dois anos depois.
9. Lisboa, Portugal, 1755 – 70 mil mortos
Em apenas 3 horas, a capital portuguesa foi atingida por três tremores distintos, que destruíram 85% da cidade. Gigantescas ondas atingiram a região, a água subiu 5 metros acima do nível normal e um incêndio consumiu casas, igrejas, palácios e bibliotecas. A tragédia aconteceu em 1º de Novembro de 1755.
10. Yungay, Peru, 1970 – 66 mil mortos
Esse terremoto de 31 de Maio de 1970 fez desabar um enorme pico de gelo na cordilheira dos Andes. Em poucos minutos, a cidade de Yungay estava debaixo de uma massa de neve e detritos que desceram a encosta a mais de 300 km/h. Para piorar a situação, as inundações subiram o prejuízo para 530 milhões de dólares.