Os romanos foram os primeiros a deixar registo escrito do nome do grande rio do sudoeste peninsular. Chamaram-lhe rio Ana ou Anas, não sendo conhecida com rigor a origem desta denominação. Após a invasão muçulmana, alguns rios do sul da península tiveram o nome alterado pela anteposição da palavra ‘uad’, termo árabe que significa ‘rio’. Foi o que aconteceu com o Ana que passou a ser chamado ‘uad Ana’.

As novas designações entraram no uso das populações locais, mas a anteposição ‘uad’ evoluiu de forma diferente nas línguas neo-latinas da península. Nos dialectos galaico-lusitanos falados em toda a faixa atlântica, passou a ‘od’, ‘ode’, ou ‘odi’; enquanto que em castelhano passou a ‘guad’ ou ‘guadi’, e em alguns casos o rio deu nome a lugares nas suas margens.
É por esta razão que o nome de vários rios e localidades do sul de Portugal começa por ‘od’ (ex. Odivelas, Odeleite, Odiáxere), enquanto que em Espanha começa por ‘guad’ (ex: Guadalquivir, Guadalete, Guadarrama).

O ‘uad Ana’ não escapou a esta regra. Até pouco depois do final da Idade Média o rio foi oficialmente nomeado e popularmente conhecido em Portugal por Odiana. O termo foi até empregue para designar uma das cinco comarcas medievais, o ‘Entre-Tejo-e-Odiana’, que correspondia ao actual Alentejo.
A influência cultural e literária espanhola no século 16 veio alterar a designação que em Lisboa se dava ao rio, e Camões já o refere por “Guadiana” nos “Lusíadas”.

Durante o período dos Filipes, a administração portuguesa ao serviço dos Reis espanhóis adoptou a designação Guadiana harmonizando o nome do rio nos dois países.
Após a deposição da monarquia estrangeira, o nome português do rio não foi recuperado na terminologia oficial. Com o tempo, também o povo foi trocando o nome ao rio e a mudança consolidou-se.

O uso de ‘Guadiana’ em lugar de ‘Odiana’ é um castelhanismo consolidado por influência cultural e administrativa espanhola em Portugal na passagem do séc,16 para o 17.
Infelizmente é também um símbolo da falta de brio dos portugueses, sejam eles governados ou governantes, pela história e património do seu próprio país.
Mas qual é o problema de ao rio Guadiana se chamar actualmente Guadiana, quando antes foi Odiana, do árabe UADI (RIO) e do romano ANNAS (por deciffrar). A ter o nome antigo e que provavelmente durou mais tempo, teríamos Ana (simplificando), portanto Rio Ana. Há documentos doséculo XV que já referem um fronteiro mor de Entre Tejo e Guadiana, nome como se vêm, provavelmente bem mais antigo do que o árabe Uádi. O termo água até está correcto, G`ua di Ana, água de Aqvae, logo, e como ao Guadiana também os alentejanos chamam ribeira de Guadiana, aqui vai: a do guadiANA, isto é, a ribeira ou a água do rio Ana. LB
O problema é que é um estrangeirismo. Apenas isso.
Tenho algumas dúvidas que o prefixo “Guad” seja galaico-português porque creio que não existe no centro e norte do país. Só existe a sul. Provavelmente será moçárabe.