O Farol-Capela de São Miguel-O-Anjo, construído na entrada da barra do Douro, é o mais antigo farol de Portugal. O farol foi construído por volta de 1528, por iniciativa e a expensas de D. Miguel da Silva, embaixador do rei junto do Papa, Bispo de Viseu e Abade Comendatário do Mosteiro de Santo Tirso. O Mosteiro de Santo Tirso detinha desde o século XII a jurisdição do Couto de S. João da Foz, o que explica a relação territorial e de interesses.
D. Miguel, na qualidade de embaixador do rei de Portugal em Roma, conheceu de perto o refinamento cultural que se respirava nas cortes italianas, o Renascimento e, no regresso a Portugal, trouxe consigo Francisco Cremonês, na qualidade de arquitecto privado, que foi responsável pelo risco das várias obras empreendidas pelo prelado, dentro das quais se inscrevem a Igreja de S. João da Foz e anexo Paço Abacial, bem como o Farol de S. Miguel-O-Anjo, o primeiro edifício renascentista português, e dispositivos escultóricos da entrada da Barra do Douro.
O farol foi desactivado nos meados do séc. XVII, mantendo-se ao uso apenas como capela, tendo a sua implantação sido alterada ao longo do tempo. À estrutura quinhentista adossaram-se dois edifícios: o dos Pilotos da Barra do Douro, construído em 1841, e a Torre Semafórica ou Telégrafo, levantada poucos anos mais tarde, por iniciativa da Associação Comercial do Porto.
Os os rochedos onde fundava o farol ficaram afundados no molhe construído nos finais de oitocentos, no âmbito das obras de beneficiação da Barra.
Instrumentos de medição foram entretanto associados, aproveitando a plataforma do molhe: o marégrafo e o anemómetro, o primeiro para a altura das marés e o segundo para a velocidade dos ventos. Por último, foi adossada à plataforma uma rampa de acesso, destinada a barcos de pesca e de socorros a náufragos.