Os Moinhos de Jancido são um exemplo da arquitectura tradicional portuguesa, que aproveitava a força da água para moer o milho e outros cereais em farinha. Estes moinhos têm mais de 200 anos e estão localizados ao longo de um pequeno curso de água, afluente do rio Sousa, que alimenta as suas mós e levadas.
Cada moinho tem o nome da família que o possuía, como o Moinho do Quintas, o Moinho do Oliveira ou o Moinho do Capela. Todos são construídos em pedra de xisto, com cobertura em lousa. Um dos moinhos mais bonitos é o Crestina, que tem uma cascata ao lado.
Os Moinhos de Jancido deixaram de funcionar nos anos 70, com o aparecimento dos sistemas eléctricos de moagem. Durante décadas, ficaram abandonados e em ruínas, até que em 2017 um grupo de voluntários locais, os Rapazes de Jancido, iniciou a sua recuperação e limpeza. Hoje em dia, são uma atração turística e cultural que vale a pena visitar.

Porque visitar os Moinhos de Jancido?
Visitar os Moinhos de Jancido é uma óptima forma de conhecer um pouco mais da cultura e da história portuguesas, bem como de desfrutar da beleza natural da região. Os Moinhos de Jancido são um exemplo da engenharia popular que aproveitava os recursos naturais para produzir alimentos essenciais. São também um testemunho da vida rural e das tradições das gentes locais.
Além disso, visitar os Moinhos de Jancido é uma forma de apoiar o trabalho dos Rapazes de Jancido, que se dedicam a preservar este património e a promover o seu conhecimento e valorização. O grupo de amigos organiza visitas guiadas aos moinhos, bem como atividades lúdicas e educativas para crianças e adultos.
Visitar os Moinhos de Jancido é também uma oportunidade para fugir da rotina e respirar ar puro, longe do stress e do barulho da cidade. É um passeio ideal para fazer em família, com amigos, animais de estimação ou a solo, e que permite entrar em contacto com a natureza e consigo mesmo.
A história da recuperação dos moinhos
A recuperação dos moinhos de Jancido é uma história de amor à terra e de voluntariado, que começou em 2017, quando um grupo de amigos da aldeia de Jancido, freguesia de Foz do Sousa decidiu limpar o mato que cobria os moinhos e os caminhos que os ligavam.

Estes amigos, que se conheciam desde a infância e que faziam parte da comissão de festas em honra de Santo Ovídio, tinham a memória de ver os moinhos a funcionar quando eram crianças e quiseram devolver-lhes a vida e a dignidade.
Para isso, contaram com a autorização e a colaboração dos proprietários dos moinhos e proprietários dos terrenos contíguos aos quais deve ser prestada honra, por contribuírem para tão bela causa, e com a ajuda de outros voluntários e entidades locais, que doaram materiais, máquinas ou competências.
Com muito trabalho e dedicação, foram limpando o terreno, reerguendo as paredes, reconstruindo os telhados, recriando as mós, construindo escadas, passadiços, fontes, miradouros e parques de merendas. Também plantaram centenas de árvores e arbustos autóctones e criaram nichos propícios à fauna.
O grupo de amigos, que se autodenomina Rapazes de Jancido, continua a dedicar todos os sábados à tarde à manutenção e à valorização deste património, que já está certificado como percurso pedestre pela Federação Portuguesa de Montanhismo. O seu objectivo é preservar a história e a cultura dos moinhos, bem como promover o seu conhecimento e fruição por parte da população e dos visitantes.
A recuperação da flora e da fauna locais
A recuperação dos moinhos de Jancido teve também um impacto positivo na flora e na fauna locais, que beneficiaram da limpeza do terreno e da reflorestação com espécies autóctones. Os Rapazes de Jancido plantaram mais de 8000 árvores e arbustos da flora portuguesa, como carvalhos-alvarinhos, castanheiros, medronheiros ou loureiros.
Estas plantas contribuem para aumentar a biodiversidade vegetal e para criar habitats para os animais. Para que esta empreitada de plantação de árvores fosse efetiva, muito colaboraram a autarquia Gondomarense assim como o “Futuro – Projeto das 100.000” árvores.
Além disso, os Rapazes de Jancido criaram também charcas para anfíbios, caixas de ninhos para as aves ou abrigos para os morcegos. Estas acções permitem favorecer a reprodução e a conservação destas espécies, que são importantes para o equilíbrio do ecossistema. Também se preocuparam em eliminar as espécies invasoras, como as acácias ou as mimosas, eucalipto, erva da fortuna e erva das pampas que competem com as plantas nativas e reduzem a diversidade.

A recuperação da flora e da fauna locais é um dos objetivos dos Rapazes de Jancido, que pretendem criar um espaço natural de qualidade, onde se possa apreciar a beleza e a riqueza da natureza e onde o antigo bosque nativo renasça em todo o seu esplendor. Para isso, contam com o conhecimento do biólogo Joel Neves (membro do grupo) e biólogos da APRISOF.
Outra ajuda muito importante tem sido a perspicácia do fotógrafo de natureza Paulo Ferreira, que pela lente da sua objetiva capta a beleza impar cada mamífero, ave ou inseto que se atreva cruzar a cada disparo da sua câmara, isso pode ser comprovado pelo documentário “No Silencio dos Moinhos” que pode ser visualizado na plataforma OPTO da SIC.
O trabalho do Paulo Ferreira tem sido essencial na promoção do trabalho de recuperação dos moinhos de Jancido e é também graças a ele que o local tem ganhado cada vez mais destaque nacional.
Birdwatching na área dos moinhos de Jancido
A área dos moinhos de Jancido é um excelente local para observar aves, pois oferece uma grande diversidade de habitats e de espécies. Aqui, pode-se encontrar desde aves aquáticas, como o guarda-rios, o mergulhão-pequeno ou o pato-real, até aves florestais, como o chapim-azul, o pisco-de-peito-ruivo ou o melro. Também é possível avistar aves de rapina, como o milhafre-preto, o açor ou o gavião.
Para praticar birdwatching na área dos moinhos de Jancido, recomenda-se levar binóculos, guia de campo, caderno de notas e máquina fotográfica. Deve-se respeitar as regras básicas de observação de aves, como evitar fazer barulho ou perturbar os animais, manter uma distância adequada e não deixar lixo. Também se deve ter atenção aos painéis informativos que existem ao longo do percurso pedestre, que fornecem informações sobre as aves mais comuns da zona.
Uma das melhores alturas para observar aves na área dos moinhos de Jancido é na primavera, quando se pode apreciar o canto e a plumagem dos machos que tentam atrair as fêmeas. Outra época interessante é no outono/inverno, quando se podem observar algumas aves migratórias que procuram refúgio nesta zona.
Como visitar os Moinhos de Jancido?
Para chegar aos Moinhos de Jancido, pode-se ir de carro ou de transportes públicos. De carro, deve-se seguir pela A1 até à saída 14 para Gondomar/Valongo e depois pela N108 até à Foz do Sousa.
A melhor forma de visitar os Moinhos de Jancido é fazer o percurso pedestre (PR1 GDM) que segue a antiga linha de caminho-de-ferro que transportava o carvão das minas de Midões até à foz do rio Sousa. Este percurso tem cerca de 5,4 quilómetros e um grau de dificuldade fácil.
Pode-se iniciar o percurso no estacionamento em frente ao Centro de Saúde da Foz do Sousa ou no Parque de Merendas de Covelo. O “Trilho dos Moinhos” é uma rota paradisíaca em que 70% do percurso é feito por caminhos onde o sombreamento é garantido pelas copas das árvores e onde até nos verões mais agrestes a sensação térmica proporciona uma sensação de frescura impar. Apenas terá de seguir as placas que identificam o trilho dos moinhos e certamente irá ter ao ponto de onde iniciou o trilho.
Ao longo do trilho, pode-se apreciar a natureza, a fauna e a flora da região, bem como as lagoas de Midões. Apesar da beleza da cor turquesa da água, não deve tomar banho já que a qualidade da água não é garantida. O percurso está bem sinalizado e tem painéis informativos sobre a história e as características dos moinhos. Recomenda-se levar água, chapéu, protetor solar e calçado confortável.