Há personagens da História de Portugal (e de qualquer país) que são para sempre recordados pela sua especial crueldade. A distância temporal em relação aos acontecimentos impede-nos, muitas vezes, de os entender em toda a sua plenitude: que razões tiveram estas pessoas para cometer tais atrocidades? O que os levou a perder a cabeça? Talvez nunca o possamos entender devidamente. De qualquer das formas, existem histórias que valem a pena ser recordadas. Estes são alguns dos “maus de Portugal” – figuras históricas que se destacaram pelos seus especiais actos de frieza e crueldade.
1. D. João II – o Rei assassino

Depois da sua ascensão ao trono, o monarca tomou uma série de medidas com vista a retirar poder à aristocracia e a concentrá-lo em si próprio. Imediatamente, começaram as conspirações mas inicialmente o rei adoptou uma posição de mero observador. Cartas de reclamação e pedidos de intervenção foram trocadas entre o duque de Bragança e os reis católicos de Espanha.
O escrivão de sua Fazenda em Vila Viçosa e um mensageiro, entregaram ao rei correspondência comprometedora com os Reis Católicos em 1483. Foi o próprio monarca quem prendeu o duque de Bragança, ao fim de uma conversa a sós, em Évora. Foi julgado ao longo de 22 dias, em uma sala revestida de tapetes, à volta de uma mesa onde se encontravam 21 juízes, fidalgos e cavaleiros, com o rei sentado no topo e, em algumas sessões, com o réu a seu lado.
A votação, iniciada com um discurso do monarca, consumiu dois dias e terminou com a condenação do duque à morte. No dia seguinte, 20 de junho de 1483, Fernando foi degolado na praça de Évora, diante do povo. O episódio é narrado pelos cronistas Garcia de Resende e Rui de Pina.
No ano seguinte, o duque de Viseu, D. Diogo, primo e cunhado de João II (irmão da rainha D. Leonor), concebeu um plano para apunhalar o soberano na praia, em Setúbal. Um dos envolvidos avisou o monarca, que decidiu viajar por terra, inviabilizando o plano dos conspiradores. Mandou então chamar ao palácio o duque e apunhalou-o pessoalmente.
Depois de eliminar o cunhado, o rei enviou dois emissários à mãe do duque, comunicando o ocorrido. Chamou ainda um irmão do falecido, D. Manuel, e explicou-lhe que tinha esfaqueado o duque porque ele “o quisera matar“, prometendo-lhe que, se o príncipe D. Afonso viesse a falecer, e não tivesse mais nenhum filho legítimo, ficaria D. Manuel como herdeiro de todos os seus reinos e senhorios.
Na sequência, mais de 80 pessoas foram perseguidas por suspeita de envolvimento nesta conspiração. Outras foram executadas, assassinadas ou exiladas para Castela, incluindo o bispo de Évora, Garcia de Meneses, envenenado na prisão. Diz a tradição que João II comentou, em relação à limpeza no país: eu sou o senhor dos senhores, não o servo dos servos.
2. D. Carlota Joaquina – a Megera de Queluz

Carlota Joaquina era a filha primogénita do rei Dom Carlos IV de Espanha e de sua esposa, D. Maria Luísa de Parma, rainha da Espanha. No dia em que iria a Portugal, Carlota Joaquina pediu à sua mãe para que fizessem uma pintura sua com seu vestido vermelho para colocar na parede, no lugar do quadro da infanta D. Margarida (à qual Carlota dizia superar em beleza).
Em criança, Carlota Joaquina «já nascera vilã», e o conde de Louriçal, encarregado de negociar o contrato de casamento com o ainda príncipe D. João, «antipatizou logo com ela», afirmando que era «irriquieta e traiçoeira».
Da mulher de D. João VI dá conta que era apelidada de «megera de Queluz», aludindo ao palácio onde viveu até poder casar de facto com o príncipe, e refere que teve uma «extensa lista» de amantes, do marquês de Marialva ao cocheiro da quinta do Ramalhão. «Só os filhos nascidos até 1801 terão sido» de D. João VI e de Carlota».
3. Fernão de Magalhães – o traidor dos 100 réis

Foi quadrilheiro-mor (fiel depositário), juntamente com outro português, do saque efectuado numa vila próxima de Azamor. Esse saque era constituído, no essencial, por duas mil cabeças de gado. Segundo as crónicas da época, Magalhães e o companheiro, terão vendido aos mouros quatrocentas cabeças do gado à sua guarda.
Magalhães, sem licença do Capitão-Mor de Azamor, veio a Portugal e requereu a D. Manuel o aumento da sua moradia em 200 reis (dois tostões).
Moradia era a “pensão de alimentos” que o rei pagava a quantos serviam na sua corte e o seu valor era estabelecido em função da nobreza ou fidalguia de cada um ou dos feitos realizados ao serviço do rei.
Segundo uma versão da época D. Manuel acederia a um aumento de apenas 100 reis (um tostão) que Magalhães recusou.
Magoado e ofendido, Magalhães, que já teria esta ideia a germinar há muito tempo na cabeça, pensou em vingar-se do que ele considerava uma afronta. Desnaturalizou-se, juridicamente, português e dirigiu-se a Castela onde persuadiu a corte castelhana de que as ilhas das especiarias (Ilhas Malucas) estavam situadas na parte castelhana e Portugal estaria nelas por usurpação.
Para o provar oferecia-se para chegar até àquelas ilhas navegando por Ocidente, fora dos mares de domínio português. Foram levadas a cabo inúmeras tentativas de o demover daquela empresa que iria, inevitavelmente, lançar a discórdia entre os reinos de Portugal e Castela. Magalhães hesitou mas acabou por falar mais alto a promessa de avultados lucros prometidos pela corte castelhana.
O Proncipe Perfeito o melhor REI DE PORTUGAL!
O MRLHOR ENTRE OS 33 REIS DE PORTIGSL, D. JOAO II