Há milhares de anos, Olisipo seria uma cidade marítima aberta ao império e um dos mais importantes portos de toda a fachada Atlântica, ligando o Mediterrâneo ao norte da Europa, abastecendo os exércitos de Roma estacionados na Britânia e Germânia Inferior. Em época romana este lugar seria uma pequena baía onde os navios romanos fundeavam no trânsito de cargas e passageiros, onde deixaram cair ao rio mercadorias que transportavam ou até se libertaram delas.

Felicitas Julia Olisipo. Assim se chamava Lisboa no tempo do Imperador Augusto, quando a cidade era um porto importante da província da Lusitânia. E quem chegava pelo Tejo o que primeiro via era um imponente teatro, símbolo do poder do Império.

Há dois mil anos Olisipo era o porto da capital da província da Lusitânia, Augusta Emerita (a actual Mérida), mas tinha a importância concedida às grandes cidades romanas. O valor estava sobretudo no rio que a fazia próspera, relevante via de comunicação com uma actividade económica sustentada na abundância do peixe, no vinho e azeite transportado para todo o mundo romano. Ficou a ser a terra da Felicidade, Felicitas Julia, como a nomeou Júlio César, o imperador que lhe concedeu o estatuto de município.

Como era política expansionista de Roma, os povos dominados recebiam o cunho da civilização romana: da língua à arquitectura, todos os sectores eram influenciados.

Durante a romanização de Olisipo, o Imperador Augusto decidiu mandar construir um teatro romano virado a sul, que funcionava “como marca propagandística” do Império para quem chegava à cidade pelo Tejo. Situado na encosta da colina onde está hoje o castelo de São Jorge, o edifício cénico, de estrutura semicircular, tinha capacidade para cerca de 4000 espectadores. Decorado com fustes e capitéis pintados, este era o local onde se exibiam peças do período clássico.
Datado do século I d.C., o teatro, como grande parte de Lisboa, “desapareceu” no terramoto de 1755. As ruínas, descobertas em 1798 durante a reconstrução da cidade, acabaram esquecidas. Em poucos anos, sobre elas foram construídos prédios de habitação. Só mais tarde, na década de sessenta do século XX, o que estava escondido debaixo dos pés veio à superfície. Já no século XXI, foi criado um pequeno núcleo museológico que entretanto se expandiu, integrando em 2015 o Museu de Lisboa, com um âmbito mais alargado. Ao longo do percurso museológico, que começa com uma vista surpreendente pela cidade, a viagem descendente vai revelando as ruínas romanas e outros espaços apropriados pelo próprio museu como, um edifício do século XVII e um grande espaço industrial dos finais do séc. XIX.
A Lusitânia Romana
A província criada por Augusto entre 16 e 13 a.C. ocupava grande parte de Portugal, a Extremadura espanhola e uma área da Andaluzia. Era o território mais ocidental do império romano, exportava minério e conservas de peixe. Eis a Lusitânia dos lusitanos.

Quando os romanos chegaram às terras do fim do mundo, o ponto extremo ocidental onde o mar do mediterrâneo se junta ao oceano atlântico, encontraram a Península Ibérica habitada por tribos que receberam os invasores de armas nas mãos. Os confrontos sucederam-se, mas os ocupantes, em vantagem numérica e organizados em exército, acabaram por tomar o território e fazer dele uma província de Roma que rapidamente romanizaram.

Augusto (63 a.C.-14), primeiro grande imperador romano, chamou Lusitânia a esta vasta geografia que abarcava Portugal quase inteiro, do Douro ao Algarve, ia pela Extremadura espanhola até uma pequena parcela da Andaluzia. Para esta província, de reconhecida importância estratégica para o império, mandou o imperador construir uma capital de raiz, Augusta Emerita, a actual Mérida.

Sabiam os romanos que a terra era boa, fértil, que tinha riquezas naturais, que era preciso explorar. A província exportava minério e preparados de peixe, que iam de Tróia, o maior centro de produção de conservas do império.
Ammaia: a cidade perdida do Alentejo
A cidade romana de Ammaia, ficou perdida no vale da Aramanha, no Alentejo e só foi redescoberta no século passado. Desde então está a ser escavada e investigada por cientistas de todo o mundo. Entre a população local os vestígios romanos são conhecidos desde sempre, mas só no princípio do século passado se começou a perceber que aquilo que estava enterrado no Vale da Aramanha era uma cidade Romana.

Construída de raiz no século I DC alcançou o seu esplendor nos trezentos anos seguintes. A partir do século IX desaparecem as referências à cidade como urbe habitada. As suas pedras serviram para construir outros lugares e monumentos.

Da antiga cidade sobrava um mito, até que no princípio do século XX surgiram indícios fortes que indiciavam a existência de uma cidade de grande dimensão naquela zona. A meio do século concretizaram-se as primeiras escavações e na última década intensificaram-se os trabalhos que recorrem também a novas tecnologias.

Os arqueólogos conhecem hoje o desenho e a arquitectura de Ammaia, graças a uma tecnologia que permitiu radiografar toda a área. Os trabalhos de exploração, geridos por uma fundação privada, prometem trazer mais revelações sobre esta cidade que conta a história do poder romano e da sua decadência na Península Ibérica.