Ínclita Geração é o epíteto dado na História de Portugal aos filhos do rei João I de Portugal (1356-1433) e de Filipa de Lencastre (1360-1415). Foi cunhado pelo poeta Luís de Camões em “Os Lusíadas” (Canto IV, estância 50):
“Mas, pera defensão dos Lusitanos,
Deixou, quem o levou, quem governasse
E aumentasse a terra mais que dantes:
Ínclita geração, altos Infantes.“
A expressão refere-se ao valor individual destes príncipes – os que chegaram à idade adulta, uma vez que os dois primeiros filhos do casal morreram ainda crianças – que se destacaram em sua época pelo seu elevado grau de educação, valor militar, grande sabedoria e predominância na vida pública portuguesa. Foram eles:
1. Infante D. Duarte (1391-1438), que foi rei de Portugal (1433-1438);

Em 1433 sucedeu a seu pai. Num curto reinado de cinco anos deu continuidade à política exploração marítima e de conquistas em África. O seu irmão Henrique estabeleceu-se em Sagres, de onde dirigiu as primeiras navegações e, em 1434, Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador. Numa campanha mal sucedida a Tânger o seu irmão D. Fernando foi capturado e morreu em cativeiro. D. Duarte interessou-se pela cultura e escreveu várias obras, como o Leal Conselheiro e o Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela. Preparava uma revisão da legislação portuguesa quando morreu, vitimado pela peste.
2. Pedro, Duque de Coimbra (1392-1449), senhor de grande cultura e muito viajado, conhecido como “Príncipe das Sete Partidas” e considerado o príncipe mais culto da sua época; foi regente de Afonso V de Portugal, seu sobrinho; veio a falecer em combate na Batalha de Alfarrobeira.
3. Henrique, Duque de Viseu (1394-1460), conhecido como “Henrique, O Navegador”, foi o grande promotor e impulsionador dos Descobrimentos portugueses.

Em 25 de Maio de 1420, D. Henrique foi nomeado Grão-Mestre da Ordem de Cristo (titular em Portugal do património da Ordem dos Templários), cargo que deteve até ao fim da vida. No que concerne ao seu interesse na exploração do oceano Atlântico, o cargo e os recursos da ordem foram decisivos ao longo da década de 1440.
Em 1427, os seus navegadores descobriram as primeiras ilhas dos Açores (possivelmente Gonçalo Velho). Também estas ilhas desabitadas foram depois povoadas pelos portugueses.
Até à época do Infante D. Henrique, o cabo Bojador era para os europeus o ponto conhecido mais meridional na costa de África. Gil Eanes, que comandou uma das expedições, foi o primeiro a ultrapassá-lo (1434), eliminando os medos então vigentes quanto ao desconhecido que para lá do cabo se encontraria.
4. Isabel de Portugal, Duquesa da Borgonha (1397-1471), casada com Filipe III, Duque da Borgonha, actuou em nome do marido em vários encontros diplomáticos e é considerada como a verdadeira governante da província francesa da Borgonha no seu tempo. Em honra deste casamento, o Duque criou a Ordem do Tosão de Ouro.
5. João, Infante de Portugal (1400-1442), designado em 1418 mestre da Ordem de Santiago, condestável de Portugal (1431-1442) e avô da rainha Isabel de Castela e do rei Manuel I de Portugal.

No início do reinado do seu sobrinho Afonso V de Portugal, a regência do reino foi entregue a Leonor de Aragão, a rainha mãe. Esta decisão testamentária do falecido rei provocou contestação popular e ameaças de motins em Lisboa. Foi João que se instalou na capital, para evitar uma rebelião. Depois, recusando as ofertas de aliança de Leonor e Afonso, Conde de Barcelos (o futuro Duque de Bragança), defendeu a realização de cortes para nomear o duque de Coimbra novo regente.
6. Fernando, o Infante Santo (1402-1433), faleceu como refém no cativeiro muçulmano em Fez, diante da recusa do Infante D. Henrique em devolver Ceuta, sacrificado assim aos interesses do país.
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