Já ouviu falar do governo dos 5 minutos? Francisco José de Meneses Fernandes Costa foi um jurista e político do período da Primeira República Portuguesa. Foi membro do Partido Republicano Português, tendo acompanhado as sucessivas dissidências e recomposições partidárias que deram origem ao Partido Evolucionista, ao Partido Liberal Republicano e ao Partido Republicano Nacionalista nos quais militou. Entre 1908 e 1911 foi o 1.º e único Grão-Mestre do Grande Oriente Português.
Protagonizou um dos mais bizarros incidentes da Primeira República, bem demonstrativos da crónica instabilidade do tempo, quando tendo sido oficialmente nomeado para as funções de presidente do Ministério, a 15 de Janeiro de 1920, foi obrigado a demitir-se no mesmo dia, sem tomar oficialmente posse, naquele que ficou conhecido como o “Governo dos Cinco Minutos”.
Governo dos Cinco Minutos é designação pelo qual ficou conhecido na historiografia portuguesa o elenco ministerial presidido por Francisco Fernandes Costa que no contexto da crónica instabilidade governativa da Primeira República Portuguesa tomou posse a 15 de Janeiro de 1920, apenas para se demitir nesse mesmo dia.
Os ministros reuniram pela primeira e última vez no gabinete do chefe do governo, na Junta de Crédito Público. Segundo contou o próprio Fernandes Costa, na sua carta de demissão, “o edifício foi invadido, em tumulto, por muitas pessoas, enquanto muitas mais se aglomeravam nas portas do edifício, as quais, em altas invectivas contra o referido ministério, protestavam contra a sua constituição, reclamando a formação de um ministério nacional”. Foi assim inviabilizada à força a solução Fernandes Costa.
Chamada a intervir, a GNR – recentemente reforçada em homens e equipamento e entregue à chefia de militares radicais para compensar a influência conservadora no exército – não mexeu uma “palha” para proteger os ministros.
Perante a passividade daquela força militarizada, Fernandes Costa, que se encontrava com os outros membros do governo na Junta do Crédito Público, no Terreiro do Paço, à espera de seguirem para a tomada de posse, em Belém, quando o edifício foi invadido pelos manifestantes, esperou que os ânimos acalmassem. E, tal como estava combinado, foi ter com o presidente António José de Almeida ao palácio de Belém – já não para tomar posse mas para lhe apresentar a demissão”.
O governo anterior, demissionário, de Sá Cardoso, manteve-se até Março de 1920, quando foi formado um gabinete independente, o 23º da Primeira República (descontando juntas revolucionárias e governos provisórios).
Por sua vez, esse governo independente duraria três meses, o que era uma eternidade, em comparação ao efémero 22º, o mais curto de sempre”.