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Home História

História Insólita de Portugal: um rei arruaceiro, bulímico e homossexual

VxMag by VxMag
Abr 7, 2019
in História
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D. Afonso VI

D. Afonso VI

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No restaurante imundo no centro de Lisboa, um grupo de homens dá nas vistas: falam alto, gritam obscenidades aos empregados e clientes, comem peixes fritos com as mãos e entornam jarros de vinho. Quando saem, dirigem-se a um bordel e só voltam a ser vistos de manhã, ainda mais bêbedos do que antes. A festa continua: a caminho do Paço Real, param para apedrejar janelas, assediar senhoras, meter-se com vagabundos e pontapear os que dormem na rua.

Uma das vítimas não aceita o desaforo e lança-se ao rebelde com aspecto mais frágil: um jovem coxo, de olhos claros – era o rei D. Afonso VI. O vagabundo dá-lhe murros e pontapés enquanto os outros assistem a rir-se. O rapaz já a deitar sangue, só encontra uma forma de se libertar: grita que é o Rei de Portugal.

D. Afonso VI
D. Afonso VI

D. Afonso VI tinha fama de ser um desordeiro. Apesar da paralisia parcial do lado direito do corpo, do excesso de peso e da bulimia, gostava de sair à noite com um grupo de amigos de reputação duvidosa. Muitas vezes acabavam na esquadra, mas nunca sofriam represálias.

Um dos seus companheiros era o comerciante genovês de cintos, meias e adornos femininos, António Conti, que rapidamente passou a frequentar o Paço, com acesso directo ao quarto real. Levava prostitutas e rapazes e embebedava-se, mas conseguiu uma comenda, um título de fidalguia e o hábito da Ordem de Cristo.

D. Luísa de Gusmão
D. Luísa de Gusmão

Farta do comportamento inadequado do filho e do amigo, D. Luísa de Gusmão mandou deportar Conti para o Brasil. O rei passou a levar um estilo de vida mais discreto, mas nunca deixou de receber rapazes. De acordo com o livro “Reis que Amaram como Mulheres”, coleccionou amantes do sexo masculino.

 

A conspiração contra o Rei

Entre 9 de Janeiro e 23 de Fevereiro de 1668, nas tardes de segundas, quartas e sábados, 55 testemunhas foram chamadas ao paço do arcebispo de Lisboa para depor, em audiências públicas, sobre a incapacidade sexual do Rei D. Afonso VI.

Em causa estava o pedido de anulação do casamento feito pela rainha, a francesa D. Maria Francisca de Sabóia, que, apenas dois dias depois de ter conhecido o noivo, desabafou com o jesuíta Francisco de Vila: “Meu padre, parece-me que não terá Portugal sucessores deste Rei.”

D. Maria Francisca de Sabóia
D. Maria Francisca de Sabóia

Nos meses seguintes, na confissão, continuou a queixar-se ao sacerdote de que o Rei era “inábil e impotente”. Acabou por se refugiar no Convento da Esperança, pediu a nulidade da cerimónia e designou o duque de Cadaval para ser seu procurador no processo, deixando-lhe esta carta: “Apartei-me da companhia de Sua Majestade, que Deus guarde, por não haver tido efeito o matrimónio em que nos concertámos (…).”

D. Pedro II
D. Pedro II

O caso foi julgado por três autoridades eclesiásticas e um júri com quatro desembargadores e quatro cónegos. Entre as primeiras testemunhas, sobressaíram 14 mulheres com quem Afonso VI tinha tentado envolver-se.

Com a mão direita em cima dos evangelhos, prometeram dizer a verdade e não pouparam nos pormenores, segundo um manuscrito da Torre do Tombo publicado em 1925 por António Baião, intitulado Causa de nulidade de matrimónio entre a rainha D. Maria Francisca Isabel de Saboya e o Rei D. Afonso VI.

 

Os depoimentos das 14 parceiras

Estas 14 “parceiras” tinham entre 15 e 30 anos (embora na identificação surgisse sempre, a seguir à idade, a referência “pouco mais ou menos”) e quase todas foram abordadas por criados do Rei que as levaram ao paço, mais do que uma vez, para se deitarem “na cama com Sua Majestade”, segundo a expressão usada, por exemplo, por Jacinta Monteiro, que esteve três dias despida para nada: “Ora se lhe abaixava o membro viril ora derramava semente extravas, sem que nunca nas três noites e três dias o pudesse fazer intravas”, descreveu Jacinta, que na altura “estava donzela” (depois de perderem a virgindade passavam a designar-se “mulheres corruptas”). Jacinta contou que viria a ser “desflorada” por um amigo duas semanas mais tarde, o que a levou a concluir que o Rei “não prestava nem tinha actividade para penetrar mulheres donzelas”.

Com Joana Tomázia sucedeu o mesmo. O Monarca justificou-se, alegou que estava muito “gastado de mulheres”, mas a testemunha achou o “membro viril” muito diferente do de outro homem que conhecera, “porquanto o de Sua Majestade, quando derramou semente, ficou como o de uma criança, e muito desigual quando estava erecto, por ser muito mais delgado na raiz do que na extremidade”.

Catarina Henriques esteve 12 vezes com o soberano ao longo de três anos e, apesar de ter recebido 12 mil réis por mês da casa real, também denunciou a incapacidade de D. Afonso VI “e reparou ainda nos grãos, pela desigualdade que havia entre ambos, por ser um maior e outro muito mais pequeno”.

Já Teresa de Jesus partilhou a sua surpresa com a abundância e a cor amarela da semente que lhe encharcou as meias e os sapatos com que estava debaixo dos lençóis. E Jerónima Pereira espantou-se com o cheiro da semente, que era diferente do da semente do marido.

Nas mesmas audiências públicas, Lourença Maria revelou que o Rei tinha sido despido pelo conde de Castelo Melhor. Joana de Saldanha contou que o Chefe de Estado respirava com cansaço e lhe dizia “já não posso, já não posso” e outras vezes “já sou velho, já sou velho”(tinha 24 anos).

A Joana de Almeida, o Monarca pediu desculpa pela “fraqueza e pouca actividade”. E disse: “É grande trabalho ser um homem aleijado!”

Os médicos do Rei atribuíram esta sua “frouxidão” a um acidente que sofreu aos 3 anos e que quase lhe paralisou o lado direito do corpo. O problema persistiu apesar de vários remédios e tratamentos. Mas Ângela Barreto Xavier e Pedro Cardim, autores da biografia D. Afonso VI, sustentam que “muitas das testemunhas terão sido instruídas para apresentarem determinadas versões ou omitirem certos detalhes”.

Um fidalgo que viu o Rei nu uma vez descreveu que este tinha o membro como se saísse de se banhar em água fria. E um moço do guarda-roupa confidenciou que o Chefe de Estado pediu aos criados que lhe fizessem uma vistoria para verem se tinha potência.

Percebe-se porque é que Rui Ramos, coordenador do livro História de Portugal, considera que este é “o maior escândalo de sempre”. Não apareceu ninguém nas audiências para defender D. Afonso, que foi deposto por decisão do Conselho de Estado e viveu o resto dos seus 14 anos de vida aprisionado.

D. Maria Francisca de Sabóia conseguiu anular o matrimónio e logo a seguir casou com o cunhado, D. Pedro II, que foi coroado Rei depois de ter estado ligado a todos os conluios que levaram ao afastamento do irmão. Nove meses mais tarde, em Janeiro de 1669, nascia finalmente uma princesa, a Infanta Isabel.

Tags: história de portugal
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Comments 1

  1. Filipe lopes says:
    7 anos ago

    Quando as pessoas podem fazer coisas fora do habitual pode-se gostar.

    Responder

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