Sabe onde fica o Uzbequistão e porque razão os seus habitantes não gostam muito de nós, os portugueses? Bem… talvez seja exagerado não gostar e, como é óbvio, provavelmente a grande maioria dos Uzbeques até vibram com os golos de Cristiano Ronaldo pela nossa Selecção, mas é mesmo verdade que alguns deles guardam algum ressentimento em relação a Portugal.

Primeiro… um pouco de informação sobre o Uzbequistão:
O território do Uzbequistão foi povoado desde o segundo milénio a.C.. Existem achados arqueológicos de ferramentas e monumentos de homens primitivos nas regiões de Fergana, Tashkent, Bucara, Khorezm e Samarcanda. As primeiras civilizações existentes no Uzbequistão foram as Sogdiana, Báctria e Corásmia.
Os territórios destes estados foram integrados no império Persa de Aqueménidas no século IV a.C., de que fizeram parte durante vários séculos. Desse facto resulta que parte da cultura persa tenha sido preservada no Uzbequistão até aos dias de hoje, onde os Uzbeques falam farsi bem como russo.

Em 327 a.C., Alexandre, o Grande conquista Sogdiana e Báctria, onde casa-se com Roxana, filha de Oxiartes, um chefe tribal de Sogdiana. Contudo, segundo reza a história, a conquista em pouco ajudou Alexandre pelo que a resistência popular foi intensa, causando danos ao seu exército nesta região. Em 1220 os seus territórios foram tomados por Gengis Khan e a sua tribo Mongol.

No século XIV, Tamerlão subjugou os Mongóis e criou um império. As suas campanhas militares estenderam-se até ao Médio Oriente. Ele derrotou o Imperador Otomano de Bayezid I e salvou a Europa da ameaça turca. Tamerlão visionava constituir a capital do seu império em Samarcanda, uma cidade de população predominantemente Tajique. A imagem de Tamerlão seria tomada mais tarde como referência histórica na construção da identidade nacional uzbeque.

E porque razão os Uzbeques não gostam dos Portugueses?
Ricardo Rodrigues, jornalista da Notícias Magazine, conta um episódio curioso que se passou durante uma viagem ao Uzbequistão:
“Ele era um tipo alto quando comparado com os seus compatriotas, devia ter um valente metro e setenta. A meia-idade já lhe afiançava uma série de cabelos brancos e, como vestia fato e gravata, calculei que fosse a versão uzbeque de um yuppie de Wall Street. «Nazdarovye», atirou-me ele. E brindámos. A conversa foi curta. Não por causa do seu inglês macarrónico, nem por falta de curiosidade pela personagem.
É que, quando lhe disse que era português, o homem cuspiu para o chão e vociferou uma algaraviada uzbeque, que percebi imediatamente ser tudo menos abonatória. Encolhi os ombros, que pasa, hombre? Ele, antes de me virar costas, ainda teve a delicadeza de explicar tudo: «Tu és português e o Vasco da Gama era português. Foi ele que descobriu a rota da Índia, mas por causa disso deu cabo da Rota da Seda. O meu povo era próspero, mas vocês portugueses encarregaram-se de estragar isso.”

Ou seja… tudo se deve ao fim da rota da seda, muito importante para a economia do Uzbequistão, fim esse que foi ditado pelos portugueses. A Rota da Seda acabou por perder a sua importância devido à descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama em 1498.
Depois, também a indústria da seda começou a ser fomentada na Europa, como se exemplifica com o caso português: no reinado de D. José I, o marquês de Pombal incentivou a cultura do bicho-da-seda, bem como a implantação de uma manufactura de seda em Lisboa, com o objectivo de tornar o país independente das importações desse produto.
Embora ultrapassada pelo rumo da História, a Rota da Seda é recordada como um dos grandes percursos comerciais de sempre e o palco de importantes contactos entre civilizações.
Hey
Nunca irei a países estrangeiros a afirmar que sou português , deixo-os a pensar …
Faz mal, esta deve ser uma exceção à regra, pelo menos para mim, quando viajei e disse que sou português ou mostrei passaporte português, foram sempre muito simpáticos e por vezes dava azo a grandes e boas conversas