Foi um dia muito especial na história da cidade de Chaves e, embora desconhecido pela maioria dos portugueses, foi também uma data muito importante para o país. 8 de Julho é o dia da cidade de Chaves. Mas pouca gente sabe, em Chaves e no resto do país, porque razão este dia é tão especial e porque razão deveria ser feriado em todo o país. Neste dia, o heróico povo de Chaves lutou, praticamente sozinho, contra o exército monárquico, pondo fim, definitivamente, às aspirações da monarquia em voltar ao poder.
Após a implantação da República, em 5 de Outubro de 1910, os que não aceitavam essa mudança de regime começaram a organizar-se de maneira a constituírem uma força que, por qualquer meio, incluindo a revolta, pudesse instaurar o antigo regime e, nesse sentido, foram tomadas algumas iniciativas que consistiram na entrada no nosso país de forças monárquicas, conhecidas como “incursões monárquicas”.

A 1ª incursão monárquica ou realista inicia-se com a tentativa de tomar Bragança, em Outubro de 1911. Não tendo sido possível, os couceiristas atacam e tomam Vinhais, hasteando a bandeira azul e branca. Chegados reforços republicanos, rapidamente entram em debandada “Entre Vinhais e Salgueiros desertaram 400 homens, exaustos, esfomeados e com sono”.
No dizer da Condessa de Mangualde, as forças realistas eram “uma mistura estranha de velhos soldados … de padres (210 segundo Vasco P Valente) e de voluntários de “boas famílias” …” e “as forças de Couceiro eram um bando improvisado, sem coesão e solidez”, não sendo mais do que 1034 efectivos.

Na 2ª incursão, levada a cabo no dia 8 de Julho, os realistas entram por Sendim (tenente Sepúlveda) e por Vila Verde da Raia (Sousa Dias). No início das hostilidades, o governo espanhol apoiou Paiva Couceiro, mas, depois de pressionado, deu ordem de expulsão aos monárquicos.

As tropas estacionadas em Chaves, pensando que os realistas iriam atacar Montalegre, dirigiram-se para a pequena vila com o intuito de a defender. No entanto, os realistas entraram mesmo por Chaves, encontrando a cidade praticamente sem tropas para a defender.

Foi então que o impensável aconteceu: o próprio povo, com a ajuda de alguns guardas fiscais e polícias, pegou em armas e defendeu a cidade contra o ataque dos realistas. A batalha espalhou-se por toda a cidade e o povo acabou por derrotar os invasores.

Tal facto gerou espanto e admiração por todo o país, tendo diversas cidades homenageado o povo de Chaves atribuindo o nome “Defensores de Chaves” ou “Heróis de Chaves” a algumas das suas ruas e avenidas, como aconteceu por exemplo em Lisboa e no Porto.

O 8 de Julho de 1912, mais do que uma batalha, representa a coragem e a determinação de um povo na defesa de um ideal que, mesmo sem defesas, pegou nas poucas armas que tinha e lutou contra o invasor, derrotando-o e contribuindo para a consolidação da República em Portugal.
É pela coragem demonstrada pelo povo de Chaves que esta data deveria ser feriado nacional. Por essa coragem demonstrou a capacidade de, na maior das adversidades, um povo se juntar e lutar pelos ideais em que acredita.
*por que?
Não há motivo nenhum para os portugueses se orgulharem da república! Desde 1910 que temos sido perseguidos por motivos religiosos, ideológicos. Tivemos a dissolução vergonhosa do Império, completamente ao desbarato e em prejuízo das populações dos territórios abandonados (tanto autóctones como as da metrópole que la residiam). Os católicos, por exemplo, foram roubados pelos governos republicanos (e antes até já pelos liberais): templos, objectos de culto, arquivos e cartórios, bibliotecas, terrenos, casas, conventos e mosteiros. E, por fim, avaliemos estes tempos contemporâneos e vejamos quais foram ou são as glórias de Portugal. Há algum motivo para nos gloriarmos nesta forma de governo republicana?! Eu não o encontro.